"Aedes aegypti"
Repelentes contra o mosquito da dengue: saiba como se proteger
Produto também é indicado para a prevenção contra outras doenças, mas é preciso seguir algumas orientações
Em meio ao aumento na transmissão de dengue que atinge o país, incluindo o Rio Grande do Sul, as pessoas têm procurado medidas para se proteger contra o mosquito Aedes aegypti, vetor da doença. Entre elas, está o uso de repelentes que, quando aplicados, transformam a atmosfera nociva para os insetos nos quatro centímetros ao redor da pele humana, evitando a sua picada.
Com o avanço dos casos de dengue, a recomendação é utilizar o produto diariamente, principalmente, em locais com exposição intensa ao mosquito. Segundo a dermatologista da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Mariele Bevilaqua, a ordem de aplicação durante o verão é: primeiro hidratante, a quem utiliza, em seguida, o protetor solar e, finalmente, o repelente.
— O filtro solar precisa ser absorvido para garantir a fotoproteção e o repelente fica mais superficial. Se passar algum produto por cima do repelente, acaba anulando o efeito dele — explica Mariele.
A cor da pele não influencia na afinidade pelo mosquito, mas as mais claras requerem um maior cuidado com a radiação solar, o que reitera a aplicação do filtro solar antes do repelente, segundo a médica.
Dermatologista do Hospital Moinhos de Vento, Sabrina Sanvido explica que existem três substâncias liberadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que são eficazes para repelir o mosquito da dengue. São elas: Icaridina, IR3535 e DEET. O que muda de um repelente para o outro é a concentração de cada componente e a forma como ele é vendido, que pode ser em gel, creme ou spray. Essas substâncias são capazes de modificar o cheiro da pele humana, o que acaba atrapalhando o inseto na identificação do odor do corpo para conseguir picar.
Sabrina reitera que é preciso atentar na hora da compra do repelente para se o produto atende a concentração certa para que o mosquito da dengue seja repelido.
— Em repelentes para crianças, é necessário que o produto tenha até 10% da substância DEET. Já para os adultos, o produto precisa ter pelo menos 20% de concentração no caso da Icaridina e em torno de 30% quando a substância é a DEET. No caso da IR3535, não há uma especificação em relação a concentração.
Os repelentes podem ser usados também na prevenção de outras arboviroses, como zika e chikungunya.
Os tipos de repelentes
DEET
Descoberto em 1953, continua sendo o repelente mais frequentemente utilizado. Nas concentrações entre 10% e 35%, proporciona proteção adequada contra as picadas de insetos. Pode ser aplicado nas roupas e não causa destruição em tecidos de algodão, lã ou nylon, mas pode danificar cobertura de móveis de plástico e vinil.
Icaridina
A potência da Icaridina é de uma a duas vezes maior que o DEET contra Aedes aegypti. Também é efetiva contra outros mosquitos, moscas, “bichos-de-pé” e carrapatos.
IR3535
Tem baixa toxicidade, é o mais indicado para as gestantes, porém pode irritar os olhos e, às vezes, a pele, ainda que proporcione reações cutâneas benignas. Sua duração é mais curta.
Ações associadas
Além do uso de repelentes, outras medidas podem ser tomadas a fim de evitar a aproximação do Aedes aegypti. Um exemplo é que o mosquito costuma atacar mais nas primeiras horas da manhã e no final da tarde. Por isso, manter janelas e portas fechadas nesse período é uma boa alternativa.
— Outra coisa é evitar vegetações que favoreçam a multiplicação dos mosquitos e acúmulos de água parada limpa onde proliferam as larvas — acrescenta a dermatologista Mariele Bevilaqua.
Mosquiteiros e telas em berços e camas, assim como nas entradas e saídas de casa, também são bem-vindos.
Aplicação do produto por idade
Mariele reforça que o uso de repelente é seguro somente a partir dos seis meses de idade. Confira como o produto deve ser aplicado, de acordo com a faixa etária, conforme orienta a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD):
Crianças entre seis meses e dois anos
Repelentes que contenham na sua fórmula a seguinte substância:
- IR3535. A duração é de até quatro horas, deve ser aplicado uma vez ao dia
Crianças entre dois e sete anos de idade
A fórmula deve conter uma das seguintes substâncias:
- IR3535, duração de até quatro horas, aplicar até duas vezes ao dia
- Icaridina 20-25%, com duração de 10 horas, aplicar até duas vezes ao dia
- DEET infantil 6-9%, duração entre quatro e seis horas, aplicar até duas vezes ao dia
Crianças a partir de sete anos de idade
Repelentes que contenham na sua fórmula uma das seguintes substâncias:
- Icaridina 20-25%, com duração de 10 horas, aplicar até três vezes ao dia
- DEET infantil 6-9%, dura entre quatro e seis horas, aplicar até três vezes ao dia
- IR3535, dura até quatro horas, aplicar até três vezes ao dia
Adultos e gestantes
Repelentes que contenham na sua fórmula uma das seguintes substâncias:
- Icaridina 20-25%, duram 10 horas, aplicar até três vezes ao dia
- DEET 10-15%, com duração entre seis e oito horas, aplicar até três vezes ao dia
- IR3535, duração de até 4 horas, aplicar até três vezes ao dia
Dicas sobre o uso de repelentes
- Não deve ser aplicado sob as roupas
- Aplique o produto somente nas áreas que ficarão expostas
- Não aplique mais de três vezes ao dia, pode causar intoxicação
- Se for usar hidratante ou filtro solar, espere secar e aplique o repelente 15 minutos após o uso desses produtos. O repelente sempre é o último a ser aplicado
- Não aplique próximo das mucosas (olhos, nariz, boca)
- Lave as mãos após o uso
- Não aplique nas mãos das crianças, elas podem levar o produto à boca
- Não durma com repelente, tome um banho para remover o produto antes de dormir
- Estudos científicos mostram que a Icaridina 20-25% fornece mais proteção contra o Aedes Aegypti do que o DEET 6-9%
- Não aplicar repelentes em áreas machucadas como feridas, lesões abertas de alergia ou acne
Riscos do mau uso
Conforme a SBD, os riscos de não respeitar as recomendações e utilizar o produto de maneira errada vão desde irritação na pele e mucosas, passando por eventos alérgicos, até alterações do sistema nervoso central, como tontura, dor de cabeça, tremores e convulsões.