Preocupação
RS está há 114 semanas seguidas confirmando novos casos de dengue
Última semana sem novos casos registrados foi em dezembro de 2021
O quadro de dengue no Rio Grande do Sul começou o ano de 2024 de forma atípica. Isso porque na primeira semana já estavam sendo confirmados 269 novos casos da doença e, até então, o maior número registrado para o período era de 26 casos, em 2022.
Em apenas seis semanas, o Estado já registrou 3.193 casos. Essa soma é maior que o total registrado em cada um dos cinco anos que antecederam a pandemia de coronavírus. O ano de 2020 foi o primeiro dos últimos dez em que o RS registrou mais de 2 mil casos, desde então, os números vêm aumentando.
Conforme a chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica do Rio Grande do Sul e doutora em Ciências Médicas, Roberta Vanacor, o Estado vive em uma crescente de casos de dengue desde 2022 e houve uma significativa mudança no cenário.
— Na verdade, a gente teve uma explosão de casos em 2022. Em 2023, a gente teve números menores, porém também teve registro de casos confirmados em todas as semanas epidemiológicas do inverno. O que demonstra que a dengue não pode mais ser caracterizada aqui no nosso Estado como uma doença sazonal, mudou esse perfil epidemiológico, esse comportamento da doença.
A Secretaria do Estado da Saúde (SES RS) registra os dados semanalmente e eles mostram que o RS não fica uma semana sem registrar novos casos de dengue desde a semana do dia 28 de novembro de 2021. Isso são 114 semanas consecutivas com novos casos da doença.
Epidemia prolongada
Ao analisar os casos confirmados por semana epidemiológica dos últimos anos, é possível identificar um perfil de duração das epidemias de dengue no RS. A elevação nos registros de casos da doença iniciavam por volta da sexta semana epidemiológica do ano e, cerca de, 20 semanas depois chegava ao fim da sua intensidade, diferentemente deste ano.
Após diminuir levemente a intensidade na primeira semana de setembro de 2023, os números de casos da doença já voltam a crescer na semana do dia 29 de outubro do mesmo ano. Ou seja, o RS já está há 15 semanas em uma crescente de casos de dengue e, de acordo com Vanacor, não há sinais de que uma queda esteja próxima.
— A gente não está observando uma queda. Nós estamos num momento de ascensão, de franca ascensão. Temos que seguir implementando ações de cuidado e prevenção numa tentativa de achatar essa curva. Não estamos nesse processo ainda [de achatar a curva] e sim em um processo de ascensão no número de casos.
Por fim, a chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica do RS relembra que a doença só é transmitida para as pessoas através do mosquito e por isso é necessário o empenho da população no combate aos criadouros do inseto para diminuir o número de casos.