Coluna da Maga
Magali Moraes e a espinha adulta
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Março chegou, e parte do meu corpo ainda segue em fevereiro. Nesse pedacinho de pele localizado entre a bochecha e o queixo, ao sul do lado direito, mora a espinha que se apegou a mim no mês passado. Já fiz de tudo pra mandá-la embora: espremi (sabendo que não se faz isso), gastei os tubos com pomadas que nem fizeram cosquinha, apelei pra instrumentos de tortura existentes na nécessaire de uma mulher. Provavelmente, o fim de março vai chegar e alguma marca dela ainda estará comigo.
A espinha adulta é uma adolescente teimosa, debochada e irritante. Gruda na cara da gente sem pedir licença. Fora de época, fora do esperado. Nossos hormônios se acalmaram faz tempo, como assim ter espinha agora? Hoje em dia, com tantos tratamentos existentes pra rejuvenescer a pele e disfarçar a idade, ninguém pensou nessa técnica: provocar o surgimento de espinhas pra conquistar uma aparência mais jovem. Não pensaram porque é uma péssima ideia. Adulto já tem problemas o suficiente.
Barba
Talvez os homens não se importem com espinhas que aparecem do nada em seus rostos, e sempre dá pra deixar a barba crescer. Para a maioria das mulheres, incomoda. Bora culpar os padrões de beleza que nos ensinaram desde sempre a supervalorizar uma pele perfeita. Daí o que a gente faz? Bota camadas e mais camadas de corretivo em cima, num jogo de esconde-esconde. A vermelhidão ameniza, só que o volume continua lá. O Monte Everest camuflado de bege médio, e não de branco neve.
E se a gente simplesmente aceitasse esse momento adulto-adolescente? Uma espinha que vem pra te lembrar coisas boas do passado. Não as inseguranças da adolescência, mas a liberdade, a leveza e a falta de responsabilidades dessa fase da vida. Uma espinha com um propósito! Resgatar nosso espírito jovem e nos fazer enxergar além do vulcão em erupção. Tô pensando em inventar um nome pra ela. Quem sabe descubro um lado positivo e faço novas amizades na frente do espelho.