Coluna da Maga
Magali Moraes e a saudade do outono
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Já vai tarde, verão. Estamos exaustos de desidratar. Nas últimas semanas, o calor passou da conta. Foi um círculo vicioso de secar a testa, suar o bigode e descolar a roupa grudada no corpo (também limpar as lentes embaçadas dos óculos). Quantas noites mal dormidas, numa luta com o travesseiro e os mosquitos. Ventiladores, splits e leques trabalharam sem parar, mas deixaram a desejar. O ar abafado e a sensação térmica formaram a dupla dos infernos. Achar um ventinho foi como encontrar ouro.
Finalmente é outono. Chegou a nossa vez, os adoradores dos 20°C. Por mais que ainda esteja quente, tenho certeza que essa estação não vai nos decepcionar. Em breve, as altas temperaturas vão embora. E aí, começam os prazeres outonais marcados por diminutivos: um friozinho gostoso, um casaquinho, uma chuvinha mansa, uma sopinha, um chazinho, um banho quentinho, uma mantinha no pé da cama, um fonduezinho, uma tacinha de tinto. Resumindo, a paz na Terra.
Vulcão
A partir de agora, o hábito do chimarrão fica menos sofrido. Gaúcho que é gaúcho pode confessar: no calor do momento, aquilo não parecia lava de vulcão descendo pelo peito? A cafeína de cada dia (ou de cada hora) volta a atingir o nível ideal no corpo. Não sei você, mas eu andei negando várias xícaras de café por motivo de força maior. Sabe outra alegria que volta? Sair do banho sem suar. Eu lembro vagamente disso. Usar a toalha pra secar o corpo da água do chuveiro, não do suor.
O que o outono nos vende é o sonho do equilíbrio: nem tão frio, nem tão quente. Sem extremos, sem altos e baixos. E quem não quer uma vida mais equilibrada? Se pra gente é difícil segurar todos os pratinhos (casa, trabalho, estudos, família, amigos), tomara que o outono consiga. Logo as folhas das árvores caem, a natureza muda. Por que não entrar no clima e deixar cair o que não nos serve mais? Uma nova estação, um novo ciclo. Que sirva de inspiração pra gente também se renovar.