Coluna da Maga
Magali Moraes: por que ler
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Não é porque eu gosto de rúcula que vou te convencer a experimentar. Idem o gosto por livros. Ler é um hábito tão saudável quanto comer verduras, mas não apetece a todos. O que posso fazer é contar por que eu leio, vá que incentive. Comecei com os gibis na infância, sobrevivi aos livros obrigatórios (e chatos) do colégio. Em algum momento na adolescência, um livro decorando a estante de casa chamou a minha atenção. Luis Fernando Veríssimo me apresentou ao mundo das crônicas.
De lá pra cá, alternei períodos de muita leitura com outros de pouquíssima. Mas nunca desisti. Hoje em dia, ler é a atividade que mais me ajuda na concentração. Você já reparou na quantidade de horas que a tela do celular nos ocupa? Nosso dedo arrasta sem parar, trazendo sempre uma nova notícia, vídeo, foto, meme, curiosidade. O problema é que a atenção fica dividida em mil coisas. A gente vê tudo e nada. Um minuto dura uma eternidade, 30 segundos parecem demorados demais.
Memória
Com estímulos constantes, as mensagens são compreendidas pela metade. Falta interpretar o texto, pouca coisa se fixa na memória. E é um gatilho pra ansiedade. Já os livros acalmam. Os de papel, em especial. Eles permitem acompanhar uma história do começo ao fim, imaginar os personagens, se sentir dentro dos cenários, enxergar tudo do nosso jeito. O cérebro tem espaço pra nos surpreender, sabe assim? E tem o marcador de páginas, que convida a retomar a leitura e a concentração.
Na TV, trocamos de canal o tempo todo. No computador, abrimos abas sem parar. No celular, salvamos conteúdos e fazemos prints pra ver depois. Que difícil desacelerar. Já quando eu pego um livro, o tempo para. Mesmo lendo três vezes o mesmo parágrafo até engatar de vez na história. Ler dá paz de espírito, ajuda a escrever melhor, dormir bem, faz aprender e acumular experiências, permite viver outras vidas e esquecer a realidade. Ler abre a cabeça. É o crossfit da imaginação.