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Atenção à saúde

Pode reutilizar a garrafinha de água descartável? Especialista explica

Condições dos recipientes são tão importantes quanto a hidratação em si

20/03/2024 - 09h39min


GZH
Dragana Gordic / stock.adobe.com
Garrafa de plástico comprada em mercado deve ser descartada logo após ingestão da água.

Manter-se hidratado é uma das principais recomendações feitas pela comunidade médica. A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que é necessário beber pelo menos 35ml de água para cada quilo por dia – uma pessoa de 80 quilos, por exemplo, deve beber cerca de 2,8 litros. Contudo, observar onde armazenamos a água para beber é tão importante quanto se hidratar.

Um dos materiais mais utilizados para esse fim é a garrafa PET. Renata Medina da Silva, bióloga e professora de microbiologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), relata que o plástico não é o recipiente ideal para o armazenamento de água por longos períodos. As garrafas descartáveis são, inclusive, piores do que as “permanentes” — aquelas com material mais resistente. O problema, segundo a especialista, começa na composição:

Qualquer plástico tem uma chance maior de liberar compostos que podem não ser interessantes para a saúde. Pela pequena durabilidade, é muito mais fácil que as garrafas plásticas sofram danos, o que aumenta o risco de adesão de microrganismos.

Quanto tempo pode utilizar uma garrafa de plástico?

O recomendado é que as garrafas de plástico comuns, de água mineral e vendidas como descartáveis, não sejam reutilizadas. A especialista lembra que, afinal, o que é descartável deve ser efetivamente descartado. Idealmente, o recipiente seria usado apenas uma vez e depois iria para o lixo.

— Somente em uma situação em que não se tem o que fazer é melhor reutilizar a garrafa do que deixar de se hidratar. Podemos usar a mesma embalagem por até três dias, sempre higienizando — observa Renata.

Continuar trocando de garrafinha, porém, custa caro para a natureza e também para o bolso. Renata defende que o ideal é usar garrafas mais resistentes e duráveis.

— Usar toda hora e botar fora é uma temeridade para o meio ambiente.

Qual a melhor garrafinha de água usar e como higienizar

Renata explica que recipientes de vidro ou de inox tendem a ser uma opção melhor, por serem mais resistentes. Mesmo assim, ela destaca que todas as embalagens têm risco de aderência de micróbios, por mais que a condição seja mais comum no plástico. Isso exige limpeza constante. 

Para a bióloga, é preciso tratar as garrafas como qualquer outra louça: não usar por mais de um dia sem lavar adequadamente. Ela aponta que a lavagem correta deve ser feita com água corrente, esponja e sabão. É necessário prestar atenção especialmente nas partes com mais curvaturas de relevo, como as tampas, além dos lugares que têm mais contato com a boca, pontos onde a sujeira costuma se concentrar.

Também não se deve deixar a água parada por muito tempo — completa a especialista — O ideal é não passar de três horas (com líquido dentro), mesmo nas garrafas metálicas. Depois desse período, é preciso trocar o conteúdo e higienizar o recipiente, nem que seja só passar uma água, sem a esponja e o sabão.

Materiais com superfícies abrasivas, como as próprias esponjas, ajudam a “arrancar” a sujeira. A água quente, muitas vezes aliada das limpezas pesadas, pode não ser a melhor escolha, dependendo do material da garrafa. Altas temperaturas aumentam o risco de rachaduras e outros danos, que criam o espaço ideal para a reprodução dos germes.

Segundo Renata, aquecer o material plástico também pode liberar produtos químicos que fazem mal à saúde. O mesmo pode acontecer com o vidro e o metal, mas em menor escala. A bióloga frisa que só se deve elevar a temperatura dentro das garrafas e outras embalagens quando o fabricante especificar que o processo é seguro.

Garrafas de água transparentes

Garrafas transparentes, independentemente do seu material, permitem que se enxergue a água de dentro. Um risco deste tipo de recipiente é o seu contato com a luz. Algumas espécies que podem se alojar na água fazem fotossíntese.

— Encontramos microrganismos em todos os lugares: na boca, no ambiente, nos pets, que podem acabar entrando em contato com a água da garrafa — explica a bióloga — Às vezes, algumas microalgas (microrganismos que fazem fotossíntese) presentes naturalmente na água, em contato com a luz por muito tempo, podem também se reproduzir.

Por mais que isso possa ajudar a ver a condição do líquido e reparar em eventuais mudanças na coloração ou no estado do líquido, Renata faz um alerta:

— Quando enxergamos alguma coisa na garrafa, como mofo, é porque a água já passou do ponto há muito tempo.

5 dicas pontuais sobre as garrafinhas de água

  1. Evite garrafas plásticas descartáveis
  2. Garrafas com material plástico mais resistente podem ser opção, mas não são ideais
  3. As garrafas indicadas para armazenar água são as de vidro e aço inox
  4. Lave a garrafa se o recipiente estiver com água armazenada por mais de três horas
  5. Lave dirariamente a garrafa com água e sabão

Quanta água beber por dia

Riscos para a saúde

Qualquer embalagem pode servir de casa para algas, fungos e bactérias se não for higienizada corretamente. Compartilhar os recipientes com diferentes pessoas também aumenta o contágio dos germes, especialmente se alguém estiver doente. No caso das garrafas, metais e vidros são mais seguros que plásticos

O plástico funciona como se fosse um ímã para essas espécies, independentemente do tipo — explica Renata.

Em caso de contaminação, os sintomas costumam se restringir a desconfortos ou infecções no trato gastrointestinal. A bióloga assegura que, na maioria das vezes, não há evolução para doenças mais graves. Crianças, idosos e pessoas imunossuprimidas, que tendem a ser mais sensíveis, precisam tomar um cuidado ainda maior com as garrafas de água que utilizam no dia a dia para se hidratar, uma vez que elas podem ser o lar para microorganismos capazes de transmitirem doenças ou provocarem desconfortos estomacais. Portanto, é fundamental não só ingerir a quantia adequada de água diariamente, mas também saber onde reservá-la adequadamente.

*Produção: Caroline Guarnieri


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