Após privatização
Reclamações diminuem, mas usuários ainda apontam dificuldades e atrasos em ônibus da Carris
Segundo a EPTC, primeiro mês de operação sob nova gestão teve queda de 33% nas queixas dos passageiros; em 2023, a linha T5 foi recordista em reclamações
Dados divulgados nesta quinta-feira (29) pela Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) apontam que o número de reclamações caiu 33,6% nos primeiros 30 dias de operação da Carris sob a nova gestão privada.
De 24 de janeiro a 23 de fevereiro deste ano, a Central de Atendimento ao Cidadão - Sistema 156, da prefeitura de Porto Alegre, recebeu 330 reclamações. No mesmo período de 2023 foram registradas 497.
— Quando a gente recebe a reclamação, temos condições de ir a campo verificar. Todas as reclamações que recebemos pelo 156 ou pelo 118 são verificadas. Sim, reclamem, façam as observações porque esse é um processo contínuo — avalia o secretário municipal de Mobilidade Urbana, Adão de Castro Júnior.
As quedas mais acentuadas são percebidas em relação às queixas sobre ar-condicionado desligado ou inoperante que caiu 61% - de 195 para 76 reclamações. A falha de cumprimento de tabela horária apresentou queda no número de reclamações na ordem de 44% - passando de 103 para 57.
Usuários relatam ônibus lotados e baldeações frequentes
São 6h26min de segunda-feira (27) no Viaduto São Jorge, bairro Partenon, quando um ônibus da linha T11 abre as portas para embarque de passageiros que aguardam para seguir no sentido sul-norte. O coletivo, que sai do bairro Espírito Santo e vai até o Aeroporto, já está com todos os assentos ocupados e passageiros em pé.
No terminal, são cerca de 30 pessoas que aguardam o ônibus. Algumas conseguem embarcar, enquanto outros, por falta de espaço, precisam esperar a chegada de um segundo coletivo.
— Todo dia é isso. A gente fala e eles estão nem aí. Falam que chega outro e nunca chega nada. A gente chega atrasado no serviço e é descontado — reclamou a faxineira Patrícia Oliveira, que também é usuária da Linha T2.
Neste dia, cerca de dois minutos depois (6h28min) um segundo ônibus chegou e os passageiros restantes embarcaram. Mesmo sendo um veículo articulado, todos os assentos já estavam ocupados e Patrícia precisou seguir a viagem em pé.
No mesmo terminal, ainda passam as linhas T2 (Avenida Praia de Belas - Estação Farrapos) e T4 (Terminal Triângulo – Terminal Diário de Notícias). Em ambas, os coletivos das 6h30min e 6h45min não estavam superlotados.
— Esse horário até é bom, eu chego aqui e dá certinho. Mas as linhas ainda são um pouco demoradas. Até passou um agora, mas é cedo para mim e tô esperando o próximo que pego sempre e vem vazio — disse o motorista Flávio Rogério Acácio, que antes de chegar neste terminal ainda se desloca de Viamão até Porto Alegre.
No Terminal Triângulo, bairro Sarandi, as linhas T1 e T7 são as mais concorridas no início da manhã. Por volta das 7h de segunda, usuários da T7 chegavam a formar duas filas diferentes.
— Deixei de pegar o primeiro que tava saindo e já fiz outra fila pra conseguir lugar, porque como eu desço no final da linha quase, então eu espero. Se não tem que ir em pé. Tem dias que chega a ter quatro filas aqui — destacou a secretária Caroline Rangel que era a primeira da fila para o ônibus seguinte. Entre 6h56min e 7h26min de dias úteis, as saídas do T7 ocorrem a cada cinco minutos, conforme a planilha disponível no site da EPTC.
A secretária também reclama que baldeações são frequentes ao longo do caminho por conta de ônibus que estragam ao longo do deslocamento.
O que diz a Carris
De acordo com a nova direção da Carris, quando assumiram a empesa, eram cerca de 70 ônibus com ar-condicionado. Atualmente, são 143. A expectativa é de alcançar, até o final do ano, 95% da frota com o equipamento funcionando.
— Nós realizamos a compra de 62 ônibus novos, sendo 56 do tipo padrão, todos equipados com ar-condicionado e suspensão a ar, mais seis veículos articulados de alta capacidade, também todos equipados com ar-condicionado e suspensão a ar. Isso significa uma renovação de 25% da frota da Carris. Todos estarão disponíveis até o final do primeiro semestre deste ano — destacou o diretor da empresa, Octávio Bortoncello.
Bortoncello ainda avaliou os resultados divulgados pela EPTC de forma positiva, mas admitiu que ainda há muito a ser feito.