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12% dos casos graves

Rio Grande do Sul é o Estado com maior letalidade pela dengue, apontam dados do Ministério da Saúde

Maioria das vítimas tem mais de 60 anos e possui comorbidades

28/03/2024 - 11h47min


Paulo Rocha
Paulo Rocha
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Jônatha Bittencourt
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Matheus Pé / Especial
Taxa de letalidade é um indicador que apresenta a mortalidade entre quem adoeceu pela doença, não a população em geral.

O Rio Grande do Sul tinha até o início da tarde desta quarta-feira (27) 34.434 casos confirmados de dengue e 45 mortes pela doença. De acordo com o painel da Secretaria Estadual da Saúde (SES), outros 16 mil casos suspeitos são investigados. Números que olhados de forma mais atenta mostram outra preocupação: a alta letalidade. Segundo o Ministério da Saúde, 12% dos casos graves terminam em morte no Estado, o maior índice do Brasil. Sergipe (10,53%), Paraíba (9,09%), Tocantins (8,33%) e Amapá (8%) completam o top cinco. 

A taxa de letalidade é um indicador que apresenta a mortalidade entre quem adoeceu pela dengue, diferentemente da taxa de mortalidade, que é obtida dividindo-se o número de óbitos pela população.

Um dos fatores que pode explicar o índice elevado de letalidade em solo gaúcho é a faixa etária – considerando que a população gaúcha é a "mais velha do Brasil". Das 45 mortes pela doença, 31 foram de pessoas acima dos 60 anos.

— Nós temos muitos casos acontecendo envolvendo pessoas de mais idade, que já têm, também, comorbidades associadas. Não é esse mesmo perfil de adoecimento que acontece nos outros Estados brasileiros — explica a diretora do Cevs/RS, Tani Ranieri.

Diferentemente de outras regiões do país, que já vivem grandes epidemias há mais tempo, a gestora acredita que muitos profissionais gaúchos ainda não estejam habituados a manejar casos de dengue. 

Tani acrescenta, ainda, que a gravidade dos casos também pode estar relacionada ao comportamento das pessoas infectadas pelo vírus, que acabam subestimando os primeiros sintomas, a manifestação clínica do quadro: 

— Acabam procurando, muitas vezes, de forma mais tardia. E quando o fazem já estão com sinais de alerta. Por se tratarem de pessoas com uma condição de saúde um pouco mais fragilizada o manejo se torna mais difícil, evoluindo para uma maior gravidade.

O virologista Fernando Spilki afirma que, se comparada com outras doenças, a letalidade da dengue é relativamente baixa. Ainda assim, ela precisa receber a devida atenção. Diante dos números que colocam o Rio Grande do Sul na primeira colocação entre os estados brasileiros, o especialista apresenta uma série de hipóteses para o cenário atual.

— O que podemos teorizar: que o número real de casos pode ser maior que o reportado oficialmente; que talvez nem todas as pessoas estão buscando auxílio da maneira mais adequada; que podem estar ocorrendo, em algum lugar ou outro, falhas no diagnóstico. Nós temos ferramentas boas, como os testes rápidos e os laboratoriais, mas que precisam ser usadas de maneira adequada para evitar erros — argumenta o virologista.

Para o médico, que também é pró-reitor de pesquisa, pós-graduação e extensão da Universidade Feevale, o cenário atual é preocupante. Tendo em vista os anos anteriores, o surto costuma permanecer até maio.

— Nada impede que, nas condições atuais, a gente tenha incrementos mais fortes no número total de casos. Isso, lamentavelmente, incidiria em um número aumentado de mortes. A gente pensa que, dois anos atrás, tivemos cem mortes durante o surto inteiro de dengue no Rio Grande do Sul. É assustador que a gente já tenha alcançado mais de 40 nessa época — conclui Spilki.

A vacina no cenário atual

Questionado se a taxa de letalidade não justificaria a distribuição de vacinas ao Estado, o professor afirmou que o tema é um tanto complexo. Para começar, seria necessário ter a certeza de que o número de casos é real.

— Se a população está procurando diagnóstico quando precisa, se todas as localidades e os serviços de saúde estão fazendo o diagnóstico confirmatório, anotando da maneira como esperaríamos num surto como esse. Talvez, tenhamos uma perda. Difícil termos um grau absoluto de certeza sobre a letalidade — observa Fernando Spilki.

Ele acredita que, muito provavelmente, a distribuição do imunizante não proporcionaria os resultados desejados. Primeiramente, devido ao tempo de espera, entre uma dose e outra, para fazer efeito no organismo das pessoas vacinadas. Em segundo lugar, porque a população mais prejudicada não faria parte da campanha.

— As vacinas não estão autorizadas para aplicação justamente na faixa etária dos idosos, onde temos a maior parte dos óbitos. O foco de prevenção tem que continuar sendo no combate ao mosquito e na proteção individual dos indivíduos mais vulneráveis.

Principais sintomas da dengue

  • Febre alta (39°C a 40°C) com duração de dois a sete dias
  • Dor retro-orbital (atrás dos olhos)
  • Dor de cabeça
  • Dor no corpo
  • Dor nas articulações
  • Mal-estar geral
  • Náusea
  • Vômito
  • Diarreia
  • Manchas vermelhas na pele, com ou sem coceira

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