O município de São Leopoldo, no Vale do Sinos, vive uma crise na saúde gerada pelo aumento dos casos de dengue e de outras doenças. As emergências enfrentam superlotação, e as unidades de saúde registram alta procura.

GZH esteve no município na manhã desta terça-feira (5) e circulou por unidades de pronto-atendimento. Todas registram um crescimento de pacientes desde o final de semana. Na clínica de saúde Feitoria, os atendimentos nos primeiros dias de março cresceram 54% na comparação com o mesmo período de fevereiro. O incremento foi de 80% comparado a janeiro. Segundo a prefeitura, 70% dos usuários que vão ao local apresentam sintomas de dengue.

As duas emergências da cidade apresentam superlotação. No Hospital Centenário, na manhã desta segunda-feira, havia 41 pessoas para 19 leitos. Na Unidade de Pronto-Atendimento Scharlau, eram 12 internações para 10 camas disponíveis. O local disponibiliza ainda três macas provisórias para oferecer apoio.

Na recepção da UPA, a secretária Vera Flores, 54 anos, aguardava por atendimento há duas horas. Ela já havia sido diagnosticada com dengue, e disse estar enfrentando problemas para ser contemplada.

— Sempre foi demorado (o atendimento), mas tá pior. Na primeira vez me tratam como se eu estivesse com covid. Aí comecei a me sentir pior. É a terceira vez que eu tô aqui — afirma.

O município passa por um surto de dengue, com 760 casos confirmados e outros 415 em análise, conforme o painel de monitoramento da Secretaria Estadual da Saúde. O número supera o somatório de todo o ano passado, quando foram confirmados 114 diagnósticos. O esgotamento na rede saúde, no entanto, é agravada também por um incremento de casos de covid-19, que começou a aumentar na cidade nas últimas semanas. Em fevereiro, a prefeitura decretou situação de emergência em razão da doença. 

— A situação é dramática aqui na Grande Porto Alegre, a tendência é piorar. Nós antecipamos, todo o nosso trabalho de prevenção no mês de fevereiro, porque a gente sabe que a situação deverá se agravar no meses de abril e maio. Infelizmente, se agregou a dengue à questão do covid. As duas, juntas, superlotaram as nossas questões da rede pública de saúde de uma forma tal que nos surpreendeu, inclusive, nos últimos dias — afirma o prefeito Ary Vanazzi.

Na última segunda-feira (4) a prefeitura anunciou uma série de medidas para aprimorar o sistema de saúde. Entre elas, está a obrigatoriedade do uso de máscara em unidades de saúde, tanto para pacientes quanto para funcionários. O objetivo é evitar que se intensifique a contaminação por doenças respiratórias. Além disso, foram estendidos os horários de seis unidades básicas de saúde. Houve, ainda, reforço da equipe de médicos nas unidades 24 horas.

Veja  as medidas anunciadas:

• Cobrança através da Granpal, para que o governo do Estado atue de forma mais articulada (força-tarefa, ações em conjunto com os municípios)
• Abertura de seis unidades básicas de saúde em horário estendido, para reforçar o atendimento e reduzir a sobrecarga no sistema
• Coleta de sangue e exame de hemograma direto nas unidades básicas de saúde
• Judicialização contra o estado por conta dos pacientes que estão no Hospital Centenário aguardando transferência para outros hospitais
• Contratação emergencial de mais 15 agentes e 2 supervisores para reforçar o trabalho de enfrentamento da dengue
• Compra emergencial de 10 mil testes para dengue e covid
• Reforço de divulgação para que a população procure as unidades de saúde para completar o esquema de vacinação da covid-19
• Ampliação de mais três médicos, um em cada escala nas unidades de atendimento 24h
• Determinação do uso da máscara de proteção nas unidades de saúde