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Em Caxias do Sul, idoso aguarda por tratamento de visão 

Erlin Francisco de Souza, 70 anos, recebeu o diagnóstico de retinopatia diabética, uma complicação que se origina da diabetes e afeta os vasos sanguíneos dos olhos 

24/04/2024 - 15h10min

Atualizada em: 24/04/2024 - 15h11min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
Arquivo pessoal / Arquivo pessoal
Tratamento pode chegar a R$ 16 mil

A família de Erlin Francisco de Souza, 70 anos, está em uma corrida contra o tempo para evitar que o idoso perca a capacidade de enxergar. Isso porque, em janeiro, o metalúrgico aposentado recebeu o diagnóstico de retinopatia diabética, uma complicação que se origina da diabetes e afeta os vasos sanguíneos dos olhos. 

A filha, Fabia da Silva, 38 anos, mora próximo ao pai, no bairro Loteamento Portal da Maestra, em Caixas do Sul. A assistente administrativa costuma acompanhá-lo em consultas médicas e preocupa-se com o avanço da doença: 

– Há três anos, a visão dele começou a piorar muito. Com a demora do SUS (Sistema Único de Saúde), estamos tentando reunir o valor para pagar um tratamento particular, que custa cerca de R$ 16 mil. 

Depois de esperar por dois anos, o idoso realizou, em agosto, uma cirurgia para retirada da catarata nos dois olhos. No entanto, passados três meses, não percebeu melhoras significativas. Por isso, procurou atendimento na Unidade Oftalmológica do Centro de Saúde Clélia Manfro. 

O especialista da instituição solicitou o exame de retinografia, procedimento que é capaz de fotografar o interior dos olhos. Em janeiro, já com o resultado em mãos, o profissional constatou que o idoso estava com retinopatia diabética. 

Tratamento 

O tratamento indicado envolve a aplicação de injeções intravítreas de anti-VEGF – procedimento em que a medicação é aplicada diretamente nos olhos e interrompe o ciclo de crescimento anormal de vasos sanguíneos. Também foram recomendadas, como forma de evitar o avanço da doença, sessões de fotocoagulação a laser, que utiliza feixes de luz para cicatrizar ou selar pequenos sangramentos. 

– O oftalmologista disse que o uso de laser serviria para evitar que o problema piorasse. E a injeção poderia melhorar até 50% da visão dele – explica. 

Mesmo com seu caso sendo considerado grave, foi informado pelo médico da unidade de que a espera para iniciar o tratamento costuma ser de um ano e meio. Além disso, o idoso terá que se deslocar até Porto Alegre, que fica a cerca de 130 quilômetros de distância do município em que vive.

Família já gastou cerca de R$ 2.760

Como a capacidade de visão do idoso diminui com o passar do tempo, Fabia e os outros 11 irmãos se uniram para arcar com os custos do tratamento em uma clínica particular. Até agora, conseguiram custear o valor do laser no olho direito. Quatro sessões foram recomendadas para evitar que o problema agravasse. Cada uma custa R$ 450. Por isso, no total, somando ao valor das consultas, a família já gastou cerca de R$ 2.760. Erlin ainda precisa fazer a aplicação no olho esquerdo e, também, da injeção, que custa cerca de R$ 6 mil por sessão. 

O idoso sempre foi muito ativo, define Fabia. No entanto, a doença fez com que ele dependesse dos filhos para atividades do dia a dia, como ir ao mercado ou às consultas médicas. Erlin, que já era aposentado, ainda trabalhava. 

– Ele dirigia e fazia uns bicos vendendo lenha. Ele se virava, nunca dependeu de ninguém. Quando a visão começou a piorar, teve que parar tudo – relata. 

Para conseguir pagar as contas de casa está difícil. A filha conta que o idoso, que vive com a esposa, Cleuza da Silva Souza, 61 anos, está com dificuldades de arcar com o financiamento do imóvel em que moram. Para tentar reunir o valor que ainda falta para o procedimento, os familiares estão com uma campanha de arrecadação online. No entanto, até o momento, conseguiram pouco mais de R$ 1.300. 

– Precisamos dessa ajuda para fazer o tratamento, que é bem caro – conclui.

Município está sem prestador  

Conforme a Secretaria de Saúde de Caxias do Sul, o serviço de atendimento com especialista era prestado pelo Hospital Geral por meio de contrato de prestação de serviços com o município, mas o profissional foi desligado. Agora, os pacientes estão sendo direcionados a Porto Alegre, com transporte que é disponibilizado pela prefeitura. Enquanto a pasta busca outro prestador, o atendimento será providenciado pelo Gercon (sistema de gerenciamento de consultas do Estado). Quanto ao tempo de espera para o tratamento de Erlin, a Secretaria de Saúde do Estado informou que, em respeito à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), não pode fornecer dados sobre casos específicos. 

Produção: Nikelly de Souza



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