Vamos ver pelo lado positivo, quem mora comigo não morre de tédio. Meus agitos diários criam situações até engraçadas depois que elas passam. Uma vez por semana, no mínimo, eu convoco todos pra uma caça ao tesouro: o celular perdido em algum canto. Já contei sobre as várias chaleiras queimadas (tenha um pingo de compaixão). Esses dias, esqueci uma panela no fogo com muitos pingos de azeite dentro. Só não foi o caos porque o cheiro de queimado alertou o perigo.

E as pegadinhas do home office? Trabalha, estende roupa, trabalha, faz pix, trabalha, pega a encomenda na portaria, faz reunião e faz café ao mesmo tempo. Entre uma tarefa e outra, acontecem as distrações. Por mais que eu me organize, surgem imprevistos. Consegui derreter um pote plástico dentro do forno! Juro que acendi a luz e espiei lá antes de ligar, mas o maldito se escondeu e virou uma linda e retorcida obra de arte. Que sufoco remover o grude das grades. A lasanha foi salva, idem o almoço.

Leia outras colunas da Maga 

Sobrecarga

Essas ocorrências quase policiais estão mais relacionadas à cozinha e aos cuidados com a casa. Simples distrações ou sobrecarga? Mulheres já nascem condicionadas a dar conta de tudo: é o que esperam da gente. E assim vamos no automático, abraçando o mundo e acumulando responsabilidades. Delegar é o jeito pra não derreter o cérebro e queimar os neurônios (o que sai bem mais caro do que substituir uma chaleira ou pote plástico). Fácil não é, mas se aprende algum dia.

Enquanto eu aprontava aqui e ali, abril passou voando. Foi um mês intenso que me distraiu bastante, no bom sentido. Março foi parado demais, o que também não é legal. Agora é acreditar nesse maio simpático, que já chega trazendo um feriado na quarta e promete novas emoções. Que as distrações sejam filmes, livros, passeios, visitas, viagens, quem sabe um novo passatempo. Por via das dúvidas, lembra dessa coluna e confere três vezes se o forno está mesmo vazio antes de ligar.