A Rua São Leopoldo, no bairro Stella Maris, em Alvorada, segue causando dor de cabeça aos moradores. A ausência de um sistema de escoamento adequado, somado à falta de asfalto, continua sendo um dos maiores problemas para motoristas e pedestres que transitam pela via.   

Em dezembro de 2023, o Diário Gaúcho mostrou o caso da camareira Carla Ribeiro, 44 anos, que perdeu o carro após capotar na via. À época, a prefeitura, por meio da Secretaria de Obras e Infraestrutura, informou que a pavimentação seria feita em 45 dias. No entanto, passados quatro meses, o serviço ainda não foi iniciado.  

A moradora comenta que, há pouco mais de um mês, foi feito um patrolamento no trecho, técnica utilizada para fazer a manutenção de ruas não pavimentadas. Contudo, como se trata de uma via de chão batido, em dias de chuva é difícil transitar pelo local, já que a água escorre e forma uma lama. 

– Sempre que chove vira um barral. Só passar a máquina não resolve – avalia.  

Carla conta que ainda evita dirigir pela rua. Quando sofreu o acidente, em 30 de novembro, sua caminhonete, que era avaliada em R$ 58 mil, teve perda total. A camareira recém tinha feito o pagamento da segunda parcela do automóvel.  

Alguns dias após a publicação da reportagem, ela entrou com processo judicial contra o município, a fim de tentar reaver o prejuízo. Enquanto aguarda a decisão, precisou fazer um empréstimo para comprar um carro novo. 

– Aqui tudo é longe, até para comprar um pão, ir em uma farmácia. Não tem como ficar sem carro – afirma. 

Após acidente, outros prejuízos

A capotagem não deixou apenas prejuízos financeiros, mas, trouxe também, marcas para o psicológico de Carla. Ela, que estava com o neto no interior do veículo, comenta que até hoje tem medo de dirigir. Há cerca de um mês, conduziu o carro pela primeira vez após o acidente, mas diz não sentir mais a confiança de antes:  

– Estou começando a dirigir aos poucos. Às vezes pego o carro aos finais de semana, mas ainda fico nervosa para pegar a direção.  

A perda do carro também fez com que abandonasse a antiga profissão. Antes do ocorrido, a moradora trabalhava no ramo de decoração de festas e o veículo era fundamental para que pudesse transportar os materiais. Sem o carro, se viu impossibilitada de trabalhar. Ela chegou a ficar quase um mês desempregada. Foi quando conseguiu uma vaga de emprego como camareira. 

Carro fica preso entre os buracos 

Algumas semanas depois do acidente de Carla, o supervisor de obras Lucas Soares, 31 anos, passou por uma situação semelhante. Em janeiro, ao dirigir pela via, seu carro ficou preso em meio aos buracos e precisou ser retirado com a ajuda de uma retroescavadeira. A máquina trabalhava em uma obra ao lado.  

– Eu estava descendo por ali e o carro resvalou para o lado do buraco. Tentei frear, mas não consegui sair. Se andasse um pouco mais para a frente, poderia cair na valeta – relata. 

Morador da Rua São Leopoldo há nove anos, Lucas conta que evita transitar pelo trecho mais crítico da via, localizado próximo ao número 65. Para fazer a travessia, costuma passar pela Rua Joana D’arc, que é um caminho alternativo. Contudo, no dia do acidente, essa rua estava passando por uma manutenção. 

Durante o ocorrido, o supervisor estava levando a esposa para o trabalho. O casal relata que ficou assustado depois do incidente: 

– O carro a gente conserta. A minha preocupação era com a minha esposa, tive receio de que ela se machucasse.

Licitação não teve adesão

A prefeitura de Alvorada, por meio da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, afirma que foi aberta uma licitação para pavimentação da via, mas não houve empresas interessadas. Agora, será feito um novo processo licitatório. No entanto, a pasta não informou um prazo. 

Produção: Nikelly de Souza