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Direto da Redação

Alberi Neto: "Ainda dói, mas vai passar"

Jornalistas do Diário Gaúcho opinam sobre temas do cotidiano

15/05/2024 - 05h00min

Atualizada em: 15/05/2024 - 05h00min


Alberi Neto
Alberi Neto
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Agência RBS / Agência RBS
Direto da Redação

Escrevo este texto de um escritório improvisado. Depois de uma semana abrigado na casa de amigas em Canoas, na Região Metropolitana, eu e minha noiva retornamos ontem a Porto Alegre. Não, nossa casa não foi afetada pela água (apesar dela chegar perto). Mas sem luz, abastecimento e internet, buscamos uma alternativa por alguns dias. Agora, a luz já voltou, a água parcialmente. A internet não, mas nos deslocamos pro escritório da empresa da minha companheira, perto de casa, onde a conexão já foi retomada. 

Nada muito diferente da rotina que muitos leitores devem também estar enfrentando para conseguir vencer cada dia. E, claro, bem distante do sofrimento de tantos gaúchos que não têm mais sequer uma casa para voltar depois de tudo isso. Ontem, voltando de Canoas, uma viagem que se resolvia em 40 minutos, levou quase três horas. Uma gincana por rodovias bloqueadas ou desvios, além da tranqueira. Seguimos caminho por Cachoeirinha, depois a freeway, fazendo o retorno perto da Arena do Grêmio e voltando até o acesso com a RS-118, tudo para tentar escapar do trânsito carregado e ganhar tempo. 

Zona Norte

Foi a primeira vez que circulei pela zona norte da Capital desde o começo deste pesadelo. É uma região que carrego comigo, onde cresci e tenho parentes. Andar na freeway era como cortar um lago ao meio pelo asfalto. Que agonia ver a Assis Brasil, sempre pulsante e de braços abertos para quem chega, agora submersa. O Sarandi, um dos mais tradicionais dos nossos bairros, afogado. Na Vila Asa Branca, ali mesmo, uma prima minha perdeu a casa. A garganta virou num nó que só. Consegui expressar apenas um assustado “meu Deus” vendo tudo aquilo de água. 

Que os próximos dias consigam levar consigo esse Guaíba que se esparramou sobre nós. E que consigamos lamber nossas feridas unidos, de mãos dadas. Ainda dói, dói demais, mas vai passar. E quando passar, não deixemos de cobrar quem fez vista grossa a todos os avisos (os da ciência e os da própria natureza).


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