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Em Barão do Triunfo, alunos de escola interditada têm aulas em salas comerciais

Instituição atende cerca de 250 alunos e está funcionando em prédio improvisado desde fevereiro de 2023

01/05/2024 - 05h00min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
Arquivo pessoal / Arquivo pessoal
Principais problemas do prédio são o telhado e a rede elétrica.

Faz mais de um ano que a comunidade da Escola Estadual de Ensino Médio (EEEM) José Joaquim de Andrade, em Barão do Triunfo, na Região Carbonífera, não pode ocupar o prédio da instituição. O local está totalmente interditado desde fevereiro de 2023. Uma equipe da 12ª Coordenadoria Regional de Obras Públicas (CROP) anunciou, durante uma reunião de professores às vésperas do início do ano letivo, que a edificação não poderia mais ser utilizada.

À época, o prédio tinha estragos no telhado, na rede elétrica e no refeitório, apresentando risco à segurança dos alunos e funcionários. Em 2020, o andar superior já havia sido isolado devido à grande quantidade de goteiras.

Com a interdição, o funcionamento da escola foi transferido para salas comerciais custeadas pelo Estado. O local proporciona que os alunos continuem tendo aulas, mas, conforme a supervisora escolar, Maria Tanise Raphaelli Bosquerolli Antunes, 58 anos, não é o ideal para um ambiente de ensino.

Entre as dificuldades, a educadora lembra que o espaço improvisado não tem a segurança prevista para uma escola. As portas, que são de vidro, ligam as salas diretamente à rua. O movimento e barulho externos prejudicam as aulas, além dos sons de dentro do próprio prédio.

– Estamos fechando as divisórias até o teto para ter mais privacidade, senão o som atrapalha muito. Para chegar na sala dos professores é preciso passar por dentro de uma turma, o refeitório é na garagem do prédio – detalha Maria Tanise.

A supervisora também lamenta que, por causa da interdição, os alunos ainda não conseguiram aproveitar as novas quadras esportivas de futsal e vôlei da escola, entregues, respectivamente, em 2022 e no ano passado. Essas reformas usaram verbas do Estado que deveriam ser destinadas a serviços de baixa complexidade, por isso não puderam custear a conclusão das obras.

Entidade pede ajuda desde 2008

A interdição que aconteceu no ano passado é o resultado de uma luta de 14 anos. Apenas em 2018 o primeiro processo de licitação para as reformas foi lançado. Porém, as obras não ocorreram. Conforme Maria Tanise explica, a empresa vencedora foi na escola, colocou a placa de “obra do governo do Estado” e desistiu por falta de recursos.

No ano seguinte, foi feita uma nova licitação. Com o plano pronto em dezembro de 2019, a reforma teve que ser adiada devido à pandemia. Em 2022, deu-se início ao conserto, mas a construtora trabalhou por duas semanas e abandonou a obra. Desde o ano passado, um novo processo licitatório está sendo elaborado.

Instituição quase centenária

A comemoração do aniversário de 95 anos da escola, no dia 15 de março, teve um gosto amargo. Para não deixar a data passar em branco, alunos, professores e funcionários fizeram uma caminhada até o prédio interditado levando faixas e lembrancinhas que foram entregues às pessoas encontradas pelo caminho.

– Não podemos simplesmente aceitar. Demos a volta no quarteirão, entregamos balinhas com cartões explicando para a comunidade que era o aniversário e cantamos parabéns lá na frente. É um tributo à nossa escola – comenta Maria Tanise.

Arquivo pessoal / Arquivo pessoal
Protesto contra o descaso no aniversário da escola.

No local improvisado, as merendeiras fizeram bolos de aniversário nos três turnos de aula. A instituição é a única que oferece Ensino Médio na cidade, além de algumas turmas dos anos finais do Ensino Fundamental. Atualmente, cerca de 250 alunos são atendidos.

– Há um esforço muito grande dos funcionários, mas as situações são adversas. Se tenta trazer o máximo de conforto para os alunos e professores dentro daquele ambiente.

Estado não dá previsão

A Secretaria Estadual de Educação (Seduc-RS) informa que a nova licitação ainda está em “fase de elaboração dos elementos técnicos e orçamentários”. A pasta não deu uma previsão de quando o processo estará concluído e nem do valor estimado da obra.

Produção: Caroline Fraga


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