Direto da Redação
Giordana Cunha: As inúmeras profissões de uma líder de família
Jornalistas do Diário Gaúcho opinam sobre temas do cotidiano
É roupa e louça para lavar, chão para limpar, comida para preparar e, muitas vezes, filho para cuidar. Hoje, no Dia do Trabalhador, meus cumprimentos são para as mulheres líderes de famílias. Segundo um estudo de 2023, feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a maioria dos domicílios no Brasil é chefiada por elas. Dos 75 milhões de lares brasileiros, 50,8% tinham liderança feminina em 2022.
Em um único dia, as funções de cozinheira, faxineira e babá (se tiver filhos) são executadas com maestria por uma só pessoa. Sem mencionar as que ainda exercem “dupla jornada”, tendo outro trabalho fora de casa. Deixo, aqui, minha admiração por todas. Mas, também, minha revolta pelo acúmulo de profissões a qual são submetidas sem ganhar nada por isso.
E se fôssemos mensurar quanto uma mulher deveria receber por liderar uma família? Pegamos o salário mínimo – que está em torno de R$ 1,4 mil – e usamos ele como base para toda e qualquer profissão. Se uma família fosse contratar uma profissional para cada tarefa que citei anteriormente (cozinhar, faxinar e cuidar de criança), o salário mínimo deveria ser multiplicado por três. Ou seja, mais de R$ 4 mil.
O grande problema é o de que isso não se trata de uma escolha – até mesmo nos casos de quando a mulher opta por se dedicar exclusivamente a estes afazeres. Infelizmente, isso acontece em razão da naturalização destes trabalhos, que são tidos como “de mulher” pela sociedade.
Neste cenário, perde-se força feminina no mercado de trabalho (aqui, me refiro àquele “válido economicamente” no mundo) e na discussão política. Mais uma vez, os homens vencem uma batalha contra as mulheres. Porém, só conseguem porque existe uma figura feminina em casa trabalhando e acumulando profissões sem receber nada por isso.
Dentro do possível, vamos mudar essa realidade?