Essa coluna foi escrita no sábado ao final da manhã, logo após a gente fazer doações aqui perto e acalmar um pouco o coração. Quero aproveitar o sentimento bom do momento pra te incentivar a doar também. Acredito que seja a única maneira de amenizar a enorme ansiedade e a angústia de acompanhar as notícias da tragédia. O que não dá pra acontecer é entrar em estado de negação e impotência, cruzando os braços e apenas lamentando a desgraça dos outros. É a hora de agir e de ajudar.

Nós já doamos em forma de pix, que é uma maneira prática de sair da inércia. Qualquer valor soma no total ainda incalculável que será necessário para os gaúchos colocarem suas vidas nos eixos. Recomendo especialmente aquela doação em que não se gasta nada, só a vontade de abrir as gavetas de casa pra recolher o que está sobrando e a disposição de levar esses itens até algum lugar que receba as doações. Vizinhos mobilizados também fazem a nossa ajuda chegar onde há mais necessidade.

Leia outras colunas da Maga 

Recolhimento

Eu moro no Menino Deus, e o CETE (Centro de Treinamento Esportivo do Estado), que é um ponto de referência de vida saudável no bairro, virou ponto de recolhimento de doações e de abrigo pra pessoas desabrigadas. Fomos lá levar itens de higiene e toalhas. É comovente ver o engajamento e tantos voluntários organizando tudo. Quero retornar com mais itens durante a semana. Porque é certo que essa força-tarefa vai longe. Dá tempo pra todo mundo ajudar de qualquer maneira possível.

Sabe o que também me impactou ali no CETE? Quatro ônibus de linha da cidade de Guaíba estacionados. Motoristas, cobradores e passageiros ilhados, sem saber quando voltam pra casa. A interrupção abrupta do cotidiano, só a roupa do corpo e incertezas. Isso é uma pequena amostra do caos. Quantas pessoas seguem desaparecidas ou esperando resgate? Cada som de sirene e de helicóptero significa ação. Que cheguem a tempo. E que cada um de nós pratique a solidariedade.