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Coluna da Maga

Magali Moraes: barulho de chuva

Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho

27/05/2024 - 09h00min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
Fernando Gomes / Agencia RBS
Magali Moraes

Quinta passada, 23 de maio, foi o dia em que Porto Alegre colapsou por causa das chuvas. Em poucas horas, rapidamente a cidade alagou nos mesmos lugares que já estavam secos e nos bairros que seguiam embaixo d'água, inundando também diversos pontos que antes não haviam alagado. Resumindo, o caos. De lá pra cá, chamou a minha atenção muita gente compartilhando nas redes sociais a seguinte mensagem: moro em um lugar onde o barulho da chuva não serve mais para acalmar.

Vou dizer o óbvio: a chuva não é a culpada. A natureza não é a vilã, por mais que pareça. Os verdadeiros culpados dessa catástrofe que estamos vivendo são os administradores da cidade e do Estado. Os de agora e os que vieram antes. Todos que negaram a força do Guaíba e ignoraram a manutenção dos sistemas preventivos de enchentes. Todos que sucatearam os serviços básicos. Todos que permitiram desmatar árvores, que autorizaram (ou fizeram vista grossa) construir em lugares impróprios.

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Trovões

Enquanto escrevo essa coluna, sexta à tardinha, chove muito em Porto Alegre, nas cidades próximas, na praia e na serra. Daquelas chuvas que transformam o dia em noite. Com trovões, relâmpagos e granizos assustadores. É o maio mais chuvoso na história desde 1916, acredita? A chance é grande de você estar me lendo com chuva. Mas chuva não é tudo igual. A torrencial é apavorante especialmente pra nós, gaúchos. Nesse volume absurdo, ela é consequência do descaso com o meio ambiente.

Só não esquece que também existe a chuvinha mansa, que não faz mal a ninguém. A chuva que refresca um dia quente de verão. A chuva que alegra as plantas. A chuva que dá sorte no dia do casamento. A chuva que limpa a poluição do ar. Daqui a um tempo, o barulho de chuva vai voltar a ser gostoso e servir pra nos acalmar. A culpa não é dela, nem do lugar onde moramos. É de quem não cumpriu direito o seu papel. Agora pode chamar tudo isso de pesadelo. Precisamos acordar.


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