São novos tempos, e a gente precisa se adaptar. Lembra o que significava a palavra evento? Algo prazeroso, inspirador, educativo, divertido, interessante, aguardado às vezes por meses ou um ano inteiro. A gente frequentava eventos bacanas como shows de música, espetáculos, festas, campeonatos, feiras de livros, de comida e artesanatos. Também ia a eventos chatos (porém respeitados) como seminários e congressos a trabalho. Cada cidade criava seus eventos culturais, econômicos e sociais.

Resumindo, a gente ia a eventos programados. Não eram eles que vinham de repente até nós, e liquidavam com a nossa casa, cidade e Estado. Eventos atraem turistas e fãs, geram riquezas, aumentam a cultura, animam as pessoas. Por tudo isso, eu não consigo me acostumar com esse novo significado da palavra. Evento climático, mais conhecido como desastre natural, catástrofe, calamidade pública, revolta, tristeza, perda total. Quem gostaria de participar de um evento tão absurdo assim?

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Caos

Eventos meteorológicos são bruscos ou graduais, mas sempre cruéis e dramáticos. Não fazem a alegria de ninguém porque representam o puro suco do caos. Podem ser uma estiagem severa, alagamentos, inundações e enchentes (como vivemos há pouco), deslizamentos de terra (idem), tornados, ciclones (mais um pra preencher a cartela do bingo climático do inverno passado), ondas de calor ou de frio extremos. Tudo que afeta drasticamente o cotidiano e tira a nossa vida dos eixos.

Não sei você, mas eu vou continuar preferindo os significados bonitos da palavra evento. Ainda quero ir a muitos eventos legais em Porto Alegre. Pensando bem, eventos unem uma quantidade enorme de pessoas em torno de um mesmo motivo (como a admiração a um cantor, por exemplo). Esse deve ser o ponto em comum com os eventos climáticos. Eles também são capazes de unir comunidades, cidades inteiras, um país até. Dessa união vem a força, a esperança e a reconstrução.