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Instabilidade continua

Chuva persiste no final de junho e em julho no RS, dizem meteorologistas

Não há perspectiva de entrada de massa de ar seca e definitiva no Estado. Precipitação deve afetar todo o território gaúcho, mas atingir com mais intensidade a Metade Norte. As regiões mais afetadas pela catástrofe climática, conforme as tendências, são as que ainda receberão os maiores volumes

20/06/2024 - 19h01min


Fernanda Polo
Fernanda Polo
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Camila Hermes / Agencia RBS
As maiores quantidades de precipitação do mês já foram registradas, mas a tendência segue de chuva no Estado.

A chuva que assola o Rio Grande do Sul desde o final de abril, com poucos dias de trégua, persistirá no final de junho e deve se estender por julho. Até o final do mês, não há perspectiva de entrada de massa de ar seca e definitiva no RS, segundo Henrique Repinaldo, meteorologista do Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas da Universidade Federal de Pelotas (CPPMet/UFPel).

A chuva deve afetar todo o Estado, mas atingir com mais intensidade a Metade Norte – área também afetada nos últimos sete dias –, principalmente na Serra, no Norte e na divisa com Santa Catarina.

— Deve seguir, pelo menos até o final do mês, tendo chuva. Não quer dizer que seja todo dia, no mesmo lugar, mas existe uma tendência maior de que a chuva persista pelo menos na metade norte do Estado. É o que tem acontecido desde maio, apesar de agora estar tendo menos chuva — explica Repinaldo, ressaltando que as frentes que deveriam ir em direção ao Sudeste acabam chegando na divisa e ficando estacionadas.

As maiores quantidades de precipitação do mês já foram registradas, acredita Repinaldo – apesar da tendência de chuva, não deve haver um dia específico que concentre grande precipitação e represente mais risco, e sim temporais isolados no período.

As regiões mais afetadas pela catástrofe climática, conforme as tendências, são as que ainda receberão maior quantidade de chuva. Isso inclui a Serra, que nos últimos sete dias registrou mais de 200mm de precipitação, superando a média do mês – que é de aproximadamente 140mm para a metade norte do Estado –, bem como o Vale do Taquari. Cidades como Serafina Corrêa (293mm), Bento Gonçalves (237mm), Canela (234mm) e Cambará do Sul (276mm) também superaram esse valor.

Julho segue chuvoso

Os dias chuvosos devem seguir em julho, porém, os modelos meteorológicos ainda divergem. Alguns indicam um mês mais seco, enquanto outros apontam o cenário oposto, com pelo menos a metade leste do Estado registrando mais chuva do que o normal. Em algumas regiões, há mais consenso: no oeste, a chuva deve ficar abaixo da média.

— Julho já é um mês que tem bastante chuva no Estado, climatologicamente. Chuva nós vamos seguir tendo, ainda está muito indefinido se vai ser acima da média ou abaixo — afirma.

A expectativa é de que haja continuidade da precipitação, mas a tendência é de que esses eventos, ao longo do inverno, se tornem mais espaçados, conforme Patrícia Cassoli, meteorologista da Climatempo. Contudo, não é possível descartar forte intensidade:

— Ao longo do mês como um todo, podemos ter chuva intensa e forte, com riscos para novos temporais.

Nas regiões já severamente afetadas, o solo está saturado, com rios em altos níveis, portanto, qualquer chuva pode trazer transtornos, adverte Repinaldo. Porém, os efeitos do El Niño se afastam cada vez mais, ainda que demorem algum tempo para deixar de atuar na atmosfera e influenciar o Estado. A tendência é que o fenômeno meteorológico La Niña traga condições mais secas por volta do final do inverno.

Impacto nos rios

A perspectiva de chuva na metade norte do Estado nesta reta final de junho não deve ser significativa nem gerar grandes impactos nas bacias hidrográficas mais afetadas pelos eventos extremos recentes, conforme Pedro Camargo, hidrólogo da Sala de Situação do Estado.

— A gente não deve ter uma nova resposta até o final do mês a nível de inundação nos principais rios do Estado e regiões de problema, como Taquari, Caí — ressalta.

Os rios Sinos e Jacuí estão em cota de inundação, com lenta elevação, mas não devem ultrapassar tanto esse nível, mantendo-se assim nos próximos dias – sobretudo o Jacuí, enquanto o Sinos já está em estabilização. O Taquari e o Caí, por sua vez, já estão em declínio e abaixo da cota de inundação. Já o Guaíba está em cota de alerta, e a tendência é de que não ultrapasse tanto esse nível – deve haver lenta elevação entre quinta e sexta-feira (21), voltando a entrar em declínio a partir do final de semana. Até o final do mês, não há perspectiva de voltar a subir de forma significativa.

Se as projeções de chuva para o mês de julho que indicam valores acima da média, sobretudo para a metade leste do Estado, se confirmarem, existe a possibilidade de novos eventos de cheias nessas regiões – que incluem as bacias que formam o Guaíba, como Taquari, Caí, Jacuí e Sinos. Não é possível, contudo, indicar o período nem o tamanho da inundação, mas não devem ser eventos tão extremos quanto aqueles registrados recentemente.

Com a grande quantidade de chuva registrada nos últimos meses e a elevada umidade do solo, não seria necessária chuva tão intensa para novas cheias, alerta Camargo – cenário que se aplica principalmente aos rios que formam o Guaíba, região que registrou os maiores volumes no Estado.

Previsão para os próximos dias

  • Sexta-feira (21): chuva retorna, nas regiões das Missões, Centro, Norte e Região Metropolitana. Em torno de 30mm estão previstos para a região de Santa Maria; 40mm em São Luiz Gonzaga; 20mm em Porto Alegre; e 20mm em Bagé e na região da Campanha
  • Sábado (22): a tendência é de redução da chuva. Áreas na região Noroeste, Norte e Metropolitana já não devem ter chuva, que se concentra nas áreas da Metade Sul, em menores quantidades, com pancadas isoladas. Rio Grande deve registrar 15mm, e Bagé, 10mm
  • Domingo (23): com uma nova área de baixa pressão que deve se formar perto da costa e que volta a causar instabilidade em todo o Estado. O sol chega a aparecer com muitas nuvens, e podem ocorrer pancadas de chuva a qualquer momento, principalmente na Região Sul. Em Santa Maria e em Porto Alegre, a previsão é de 15mm; e em Bagé, 20mm
  • Segunda-feira (24): a chuva ganha um pouco mais de intensidade. A metade norte do RS deve enfrentar um dia com nebulosidade, chuva a qualquer hora e chance de novos temporais, com acumulados mais expressivos. A previsão é de 50mm em Bom Jesus e em Passo Fundo; e 30mm em Porto Alegre e em Tramandaí. Nas áreas Oeste, Campanha e Sul, há aumento de nebulosidade, mas sem previsão de chuva
  • Terça-feira (25): áreas Norte, Noroeste e Serra devem ter condições para garoa. As outras terão tempo mais firme, com aumento da nebulosidade, mas sem expectativa de chuva. A precipitação, contudo, deve voltar no final da semana

Previsão de chuva entre os dias 21 e 25 de junho, segundo a Climatempo:

  • Porto Alegre: 65mm
  • Passo Fundo: 75mm
  • Caxias: 86mm
  • Lajeado: 74mm
  • Santa Maria: 70mm
  • Bagé: 65mm
  • Uruguaiana: 28mm
  • Pelotas: 50mm

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