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Cota de inundação

Com elevação do rio, famílias são retiradas de áreas de risco em cinco municípios do Vale do Taquari

Arroio do Meio, Cruzeiro do Sul, Estrela, Lajeado e Muçum somam 200 famílias desalojadas ou desabrigadas

17/06/2024 - 23h51min


Jean Costa
Jean Costa
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A Defesa Civil dos municípios de Arroio do Meio, Cruzeiro do Sul, Estrela, Lajeado e Muçum, no Vale do Taquari, está retirando moradores de casas que voltaram a ser afetadas após uma nova inundação na região. O nível do rio subiu 10 metros em 24 horas. Dos cinco municípios atingidos, apenas Muçum não está com o nível do Taquari acima da cota de inundação nesta segunda-feira (17). 

Apesar de registrar redução do nível do afluente, com medição de 17 metros e 34 centímetros às 17h, o município de Muçum tem 80 famílias fora de suas residências após a nova inundação. Juntas, as cinco cidades somam 200 núcleos familiares desalojados ou desabrigados entre domingo (16) e segunda-feira (17).

De acordo com a Defesa Civil regional, as remoções começaram ainda no domingo, devido à rápida elevação do Rio Taquari, agravada pela correnteza. Apesar da elevação nas últimas horas, há estabilidade do nível em partes da região.

Segundo a Sala de Situação da Defesa Civil do RS, a região dos Vales deve registrar um acumulado de chuva de 200 milímetros até a sexta-feira (21), podendo, inclusive, superar a marca. Com isso, de acordo com o órgão estadual, há risco de inundação extrema para municípios que ficam na bacia do Taquari e projeção de enchente semelhante à registrada em novembro de 2023.

Também há possibilidade de que o rio atinja a marca de 28 metros em áreas já afetadas de cidades como Cruzeiro do Sul, Lajeado e Estrela. A cota não é descartada para outros municípios da região.

Confira a situação de cada um dos municípios 

Cruzeiro do Sul

Após a chuva do final de semana e do começo desta segunda-feira, a água voltou a atingir o centro da cidade e afeta quatro ruas. Até o momento, 20 famílias foram removidas de suas casas.

No município, o nível do Rio Taquari estava em 23 metros e 60 centímetros às 17h30min. Segundo o prefeito João Dullius, houve uma elevação de 15 centímetros na última hora. A prefeitura estima que o nível chegue a 24m nas próximas horas, porém, com a previsão da Sala de Situação, o nível pode chegar a 28 metros no final da semana.

— O que me preocupa é que deve vir uma chuva muito forte na região serrana e que deve atingir o mesmo nível de setembro. Seria para nós um caos nesse momento — disse o prefeito.

Na área central, parte da Rua Bento Gonçalves foi interditada devido ao risco de deslizamento de parte de um morro da região. Entre quinta e sexta-feira da semana passada, 60 famílias foram retiradas das regiões mais próximas. 

Uma equipe de geólogos vai analisar a estrutura quando a chuva der uma trégua, segundo a prefeitura do município.

Lajeado

Em Lajeado, 60 famílias foram resgatadas nos bairros afetados pela nova inundação. As ações ocorrem desde às 17h de domingo. Os bairros Centro, Hidráulica, Conservas e Carneiros são as regiões mais afetadas. 

Por conta da enchente de maio, outras 90 famílias permanecem fora de suas residências. O nível do Rio Taquari, segundo a medição das 18h, estava em 23 metros e 78 centímetros. São quase cinco metros acima da cota de inundação, de 19m. 

Moradora da Rua General Osório, no centro da cidade, Marieide Eliete Dutra, 40 anos, teve que deixar a casa pela terceira vez desde setembro. 

Em maio, o nível de água ultrapassou o terceiro piso da residência. Marieide e a família perderam tudo, fato que ocorreu durante a enchente de setembro. Agora, poucos dias após retornar para casa, ela e a família retiram as doações para evitar um novo impacto da enchente.

— Se não fosse a minha filhinha de quatro anos, todos teriam morrido. Ela insistiu que não queria ficar sozinha na avó e saímos todos. A gente perdeu tudo em setembro e a limpeza estava quase acabando. Não tenho nem mais vontade de ficar aqui — contou.

Arroio do Meio

No município de Arroio do Meio, o nível do Taquari está em 29 metros, dois metros acima da cota de inundação. As famílias de localidades com potencial de serem mais atingidas estão sendo retiradas de suas residências. 

Segundo a última atualização da prefeitura, quatro famílias foram evacuadas e estão sendo abrigadas por parentes. As entradas e saídas da cidade, próximas ao centro, são as partes mais afetadas no momento. Segundo a prefeitura, a Rua Campos Sales, região mais atingida pela enchente de maio, ainda não foi afetada. Por conta da cheia no mês passado, já não há mais famílias residindo na localidade.

A ponte de ferro, construída para permitir a passagem entre Lajeado e Arroio do Meio, na Avenida Senador Alberto Pasqualini, foi interditada por conta do nível do Rio Taquari.

Muçum

Após ultrapassar a cota de inundação no começo da tarde desta segunda-feira, de 18 metros, o município de Muçum voltou a apresentar redução, com o nível do Rio Taquari 17 metros e 37cm. Cerca de 80 famílias estão desalojadas e desabrigadas.

De acordo com o prefeito Matheus Trojan, os bairros Fátima, São José, Centro e José Marcolin são as regiões mais atingidas. Parte desses locais, de acordo com o prefeito, foi atingida pela quinta vez em nove meses.

Estrela

Em Estrela, são 56 famílias desalojadas ou desabrigadas por conta da nova inundação. A prefeitura emitiu um alerta e informou que trabalha com a possibilidade de o Rio Taquari chegar a 25 metros. De acordo com a última medição, das 18h45min, o nível está em 24,04 metros.

Por conta da rápida elevação, a prefeitura emitiu um novo alerta para cota de 25 metros.

No total, considerando o número de afetados que ainda estão desabrigadas ou desalojadas por conta da enchente de maio, o município tem cerca de 500 pessoas fora de suas residências.

Anderson Fagundes, 33 anos, é morador da cidade e viu a casa da sua mãe ser afetada novamente pela inundação. Nascido e criado no município, ele tenta ajudar a família a reerguer o que foi perdido. 

— Não tem explicação. Eu costumava brincar e nadar com amigos e a família no Taquari quando era mais novo. É um momento desolador e dói no coração ver toda essa destruição, mas vamos nos fortalecer — disse.


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