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Medo de nova inundação

Com previsão de mais chuva neste final de semana, limpeza de ruas ainda tomadas por entulhos pouco avança na Zona Norte da Capital

Moradores dos bairros Humaitá, Sarandi e Farrapos cobram agilidade na limpeza das regiões afetadas pela enchente de maio

14/06/2024 - 23h15min

Atualizada em: 14/06/2024 - 23h15min


Jean Costa
Jean Costa
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Diante da preocupação com a previsão do tempo para este final de semana em Porto Alegre, moradores dos bairros Humaitá, Sarandi e Farrapos cobram agilidade na limpeza das regiões afetadas pela enchente de maio, mas que ainda seguem tomadas por montanhas formadas pelo lixo.

A reportagem de GZH circulou nesta sexta-feira (14) nos pontos mais afetados por entulho nas três regiões, onde encontrou bloqueios em ruas e avenidas, devido a quantidade de materiais, que variam de móveis e eletrodomésticos até ferragem, alimentos e restos de residências.

Em parte das localidades, foram encontradas equipes atuando na limpeza, mas em regiões mais ao fundo dos bairros e próximas de grandes avenidas, como a rua 698, na Vila Liberdade, que pertence a Vila Farrapos, um corredor de entulho foi formado, impedindo o acesso de famílias às moradias e até mesmo a circulação.

Cerca de meia hora após a chegada da equipe de reportagem de GZH, uma equipe de limpeza e maquinários foi ao local para iniciar a remoção do lixo da área.

Proprietária de um salão de beleza na Vila Farrapos, Caroline Sader, 39 anos, perdeu tudo durante a enchente e iniciou a limpeza da casa, ainda afetada pelo cheiro e lama. No local, ela e as famílias estavam ajudando na renovação de materiais, como forma de auxiliar nos trabalhos do maquinário, devido ao tamanho da rua.

Porém, a ação só foi possível após ela e vizinhos irem até a rua Voluntários da Pátria, onde havia uma equipe do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) trabalhando, para pedir que auxiliassem na retirada do entulho.

— Eu perdi tudo aqui em casa e no meu salão. Eles não vinham aqui nunca e tivemos que protestar antes. A prefeitura fecha o olho quando é vila e deixa por último. Nós precisamos de agilidade. Vai chover de novo e alagar tudo, mais uma vez — cobrou ela.

Segundo o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), equipes trabalham em 33 pontos afetados pela enchente na Capital nesta sexta-feira. Um terço dos locais está concentrado no Sarandi, na Vila Farrapos e no bairro Humaitá.

Bueiros cobertos

No Sarandi, GZH encontrou bueiros tapados por entulhos e conversou com moradores de pontos onde a água atingiu a marca mais elevada. Na rua Oliveira Lopes, o nível chegou em quatro metros e 22 centímetros. 

O consultor comercial, Alexsandro da Silva Neto, 45 anos, é morador da rua e está fazendo a limpeza da residência. Porém, com a previsão do tempo marcando intensa, ele a família têm uma preocupação, o entupimento da casa de bombas 10.

— É uma rua paralela e é imensa a quantidade de material jogado fora. A nossa preocupação é que o valão passa atrás da última casa aqui da rua. Esse valo leva a água para a bomba 10, que faz o escoamento. Esse lixo todo vai parar lá na estação — afirma.

Ainda conforme o morador, vizinhos da rua e de locais próximos conversaram com as equipes de limpeza, mas não receberam confirmação de data para início da retirada dos entulhos.

— Se eles não tirarem (o lixo) daqui, vai entupir tudo. Não adianta limpar na parte de cima se eles não começarem por baixo. O motivo que pode piorar a situação está aqui. Atendemos o pedido do DMLU de retirar todos os carros, mas eles não voltaram — lamenta

Na rua Oliveira Lopes, além das montanhas de entulhos, a reportagem encontrou uma vaca morta, arrastada pela força da chuva, segundo as famílias.

Em outros pontos do bairro Sarandi, como as ruas Domingos Santoro, avenida Souza Melo e Adherbal Faria, as famílias temem que os alagamentos sejam agravados pelo impacto do acúmulo de resíduos. 

Em coletiva na tarde de quinta-feira (13), o prefeito Sebastião Melo disse que é impossível concluir a limpeza das ruas afetadas nos próximos dias e reafirmou a dificuldade para contratar maquinário.

De acordo com o Sindicato da Indústria da Construção de Estradas, Pavimento e Obras de Terraplanagem do Rio Grande do Sul (Sicept-RS), faltam caminhões e maquinários, além de mão de obra para atuar na limpeza da cidade. Melo admitiu no começo desta semana que há dificuldade na contratação destes equipamentos para auxiliar na retirada de entulhos.

A estimativa do Sicept-RS é de que seriam necessárias em torno de 600 máquinas e caminhões para retirar o lixo de todas as localidades afetadas em Porto Alegre, quase o dobro do número atual  destes equipamentos, que gira em torno de 350.


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