Cota de inundação
Dmae prevê que vento Sul possa elevar o nível do Guaíba em Porto Alegre
A mudança de direção do vento represa a água que desemboca em Rio Grande, no sul do Estado. Chuva prevista para os próximos dias não deve ter impacto direto em Porto Alegre. O potencial aumento do nível se dá por conta dos incrementos nos volumes de rios como o Jacuí
O vento que sopra de Sul para o Norte tem dificultado o escoamento do Guaíba na Lagoa dos Patos, em Rio Grande, no sul do Estado. O efeito é sentido diretamente em Porto Alegre, onde o nível atingiu a marca de 3m37cm na manhã desta segunda-feira (24) e pode superar a cota de inundação nos próximos dias por conta da mudança na direção do vento, conforme observou o diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgoto, Maurício Loss, em entrevista ao Gaúcha Mais desta segunda-feira.
Quando o vento sopra do Sul, essa água é direcionada para o Norte e fica represada no caminho, o que pode ocasionar a elevação do nível em municípios próximos ao leito do Guaíba, como Porto Alegre e cidades da Região Metropolitana, por exemplo.
Loss salientou que não há motivos para alarde com relação ao nível do Guaíba, apesar de observar que a mudança de direção do vento liga um sinal de alerta com relação a cota de inundação (3m60cm). Sobre a chuva prevista para Porto Alegre durante a semana, o diretor-geral do Dmae tranquilizou a população:
— Ontem à noite (domingo), eu estava falando com o hidrólogo Pedro, da Sala de Situação, ele falou ‘olha, o vento tá virando de Sul’. (...) São rajadas fortes de vento, que podem levar o Guaíba a uma cota de inundação. O nível estava muito mais elevado pela manhã, agora já recuou um pouco à tarde, isso nos tranquiliza um pouco mais — comentou, ao destacar que, no momento, a previsão é de que o leito do rio não avance sobre a cidade, corroborando o estudo do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Conforme Loss, o volume de chuva que cai em Porto Alegre não é tão influente no nível do Guaíba, apesar de causar transtornos como alagamentos em diferentes regiões da cidade. A elevação ocorre por causa da chegada de águas de outros rios, como o Jacuí, que superou sua cota de inundação em Lajeado na última semana.
— Nos preocupa muito em relação ao Guaíba a chuva que vem das cabeceiras dos rios, essa sim, né. E o Jacuí contribui de 80 a 85% aqui, de todos os afluentes aqui no lago Guaíba, então ele representa muito — explicou.
Como forma de prevenir impactos da mudança de direção do vento e a chegada da água de outros rios que têm o Guaíba como destino final, a prefeitura de Porto Alegre fechou três comportas do sistema de prevenção contra cheias durante a manhã desta segunda-feira. As comportas 4, na Avenida Sepúlveda, 6, no Catamarã, e 11, na Avenida São Pedro, foram fechadas.
Loss foi enfático ao responder se o sistema de proteção da Capital se portaria melhor em um novo cenário de cheia:
— Infelizmente, não.
O diretor-geral do Dmae revelou que 22 das 23 Estações de Bombeamento de Água Pluvial estão em operação, mas apenas três operam com 100% da sua capacidade. Neste momento, Porto Alegre tem 68 dos 102 motores das casas de bombas ligados, ou seja, 65% de funcionamento. No dia 1º de maio, 87% dos motores estavam em operação.
Projetos de melhoria e manutenção de todos os sistemas de proteção, como o muro do Dmae, vedação correta das comportas e modernização das casas de bombas são discutidos. A estimativa da prefeitura de Porto Alegre é de que R$ 510 milhões sejam necessários para otimizar o sistema.