Como milhares e milhares de gaúchos, também tive a casa atingida pela enchente de maio. Apesar disso, me sinto grata, pois a água chegou no máximo a uns 30 centímetros dentro dos cômodos – alguns vizinhos meus aqui de São Leopoldo ficaram com água pelo teto. 

Mas o fato é que, depois que a água vai embora, chega a hora do faxinão. E, mesmo com nem tantos estragos, já tive que colocar muita coisa fora. Montanhas de papéis, livros, roupa de cama que já não era mais usada e ficou muito difícil de recuperar, cadernos de receitas que não eram abertos há anos, móveis que se desmancharam. 

Movida pela necessidade urgente de limpeza, comecei a separar coisas que poderiam ser descartadas e outras que iriam para doação. E a quantidade só crescia. 

Saindo de casa, as montanhas de entulho estavam por toda a parte. Aqui na minha rua, já foram retirados os resíduos da enchente pelos caminhões da prefeitura quatro vezes, mas tenho certeza de que na semana que vem já vai ter muita coisa nas calçadas de novo. 

Mesmo em frente às casas mais simples, montes de altura considerável se formam. O que me leva a um pensamento que já cultivo há um tempo: será que o mundo atual não nos leva a querer possuir coisas demais? Será que é correta essa busca louca por dinheiro para adquirir mais e mais?

Esse questionamento leva a um estilo de vida que é conhecido como minimalismo. É viver com menos, fazer escolhas simples e questionar antes de comprar: “Será que eu realmente preciso disso?”. 

O minimalismo também estimula doar o que não é mais usado, fazer o fluxo circular. Liberar a casa, ainda mais num momento em que tantas pessoas estão precisando de ajuda e de itens para reconstruir seus lares. 

Com menos objetos em cima dos móveis, com menos roupas nos armários, tudo fica mais fácil. Até a limpeza se resolve em menos tempo. E o planeta agradece. Vamos nessa?