Por que a gente corta o cabelo e espera que os outros percebam? Não basta o próprio gostar? É que nunca é só um corte, tem autoestima envolvida. Por isso, um elogio ou olhar de aprovação são bem-vindos. A gente está se sentindo especial, faça o favor de notar. Quanto mais ousado for o corte, maior a prova de coragem. Existe o risco de arrependimento, frustração e expectativa não atingida. Cabelo cresce, mas demora. Ainda mais se o resultado deixou a desejar.

Sentar na cadeira do cabeleireiro é um momento de autocuidado, de saber se conhecer, de terapia instantânea. Queremos sair de lá melhor do que chegamos. Às vezes, nem é o cabelo fora de corte que incomoda. É algo que não conseguimos nomear. Conversaremos sobre amenidades. E comprimento, volume, textura, cor, fios, camadas. Veremos fotos de exemplo. Que a intuição do cabeleireiro entenda o que fazer. É uma relação de confiança que se estabelece.

Franja

As tesouradas certas renovam a gente por dentro. Quem nunca marcou uma nova fase da vida com um novo corte de cabelo? Uma franja pode ser a revolução ou apenas manutenção. Nesse caso, o "novo" é refazer o corte que já virou parte da identidade. Tirar só as pontas não é tão simples assim. Pra quem é apegada ao cabelo é matemática pura. Cada milímetro conta. Um centímetro a mais é o caos. Cortar dois dedinhos depende do dedo gordo ou magro que servirá de régua.

Tem gente que passa a vida inteira com o mesmo corte, e tá tudo bem. Tem quem adora mudar (uma nuca de fora é algo que toda mulher deveria experimentar alguma vez). E tem todo o ritual: lavar e secar, a capa que protege a roupa, o barulhinho da tesoura, as mechas caindo no chão, aquela finalizada que depois ninguém consegue repetir em casa, o espelho no final pra enxergar como ficou atrás. Cabelo novo é revigorante. Eu diria até que cortar o cabelo é um acontecimento.

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