Coluna da Maga
Magali Moraes e o aperto de mão
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Eu, que sempre gostei de fortes apertos de mão, passei a fugir deles. Sigo achando que esses cumprimentos vigorosos transmitem confiança, demonstram sinceridade e empolgação. Desde que não seja comigo. Estou preferindo um abraço fraterno, dois beijinhos clássicos, um tapinha nas costas, o simpático abano à distância. Nada pessoal, viu? Se você me encontrar na rua, pula essa parte porque não estou podendo com demonstrações de força. É a minha nova estratégia de sobrevivência.
Chame de esquisitice, eu chamo de artrose nodal. A partir de agora, vou fazer como os pianistas, que protegem suas mãos frágeis e até as colocam no seguro. Imagina se um quebra-ossos chega e esmaga seus dedos finos e delicados! Acaba a carreira musical. Outros que sabem proteger o patrimônio são os dublês de mãos, que ganham a vida emprestando sua anatomia perfeita ao cinema, TV e campanhas publicitárias. Aquela mão linda da atriz pode não ser dela na hora em que dá o close.
Praga
No meu caso, a realidade é outra. Gasto uma grana com remédios que, na melhor das hipóteses, atrasam o avanço da artrose. Como disse a médica (e sem querer rogar praga), todo mundo vai ter artrose porque é uma doença ligada ao envelhecimento das mãos. Na ecografia, nada aparece. No raio-x, só quem entende percebe. Mas ela está lá quando eu acordo e sinto meus dedos duros e inchados. Na falta da aliança que deixei de usar. Na dorzinha chata que lateja por dias.
Mesmo elas já não sendo assim uma Brastemp (entendidos entenderão), eu preciso das minhas mãos pra escrever a coluna. E pra abrir o vidro de geleia, coçar o nariz, abotoar a roupa, amassar meus cachos, desatar o nó apertado do tênis, segurar a mão do meu marido enquanto caminhamos e também pra gesticular. Sou de origem italiana, falo com as mãos. Por isso, todo cuidado é pouco. Pretendo chegar aos 90 anos sendo uma velhinha faceira e agitada. Que a artrose seja minha amiga.