A areia que chegou a formar dunas nas ruas do bairro Arquipélago está sendo distribuída entre os moradores da região. Conforme a prefeitura de Porto Alegre, uma empresa verificou que o material poderia ser utilizado sem risco à população. 

Equipes da Marinha fazem a entrega da areia, vinda do Guaíba com a enchente, para os moradores interessados em cobrir os pátios que permanecem com lodo em decorrência da inundação, principalmente na Ilha da Pintada. 

Segundo a secretária Municipal de Parcerias, Ana Pellini, um mutirão será realizado a partir desta quarta-feira (3) para acelerar o processo que deve avançar significativamente em uma semana.

— Para concluir o trabalho não é assim, porque o lixo retirado volta. Vai precisar de ajuda da nossa equipe até para limpar as casas, porque tem algumas que estão cheias de areia, as pessoas nem conseguem entrar. Elas precisam de apoio para que essa areia de dentro das casas seja retirada e espalhada no pátio — explica a secretária Ana Pellini.

As coletas para análises que estavam previstas não chegaram a ser feitas. 

— O lodo que lá está é que é material orgânico que pode trazer algum problema. Essa areia serviria exatamente pra cobrir e dar mais segurança para eles. No entender da empresa, não haveria necessidade de exames sofisticados — disse Ana. 

A secretária acrescenta que o material que sobrar será encaminhado à usina de asfalto da prefeitura, que fica próximo à Fiergs.

Processo natural

A chegada da areia nas ilhas é um processo natural, já que a região foi formada justamente pelo acúmulo de sedimentos vindos do delta do Jacuí, que deságua no Guaíba.

— Tivemos a maior cheia da história. Era de se esperar que essa cheia transportasse muito material e que esse material fosse depositado nessa que é a zona natural de deposição. Esse é o processo de formação das ilhas. O que aconteceu ali foi um processo completamente natural e esperado — explica o professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Fernando Fan.

De acordo com o especialista, em vazões baixas dos rios, as areias não são muito movimentadas:

— Quando há uma vazão alta, a gente tem velocidades maiores do rio e maior capacidade do rio de transportar essas areias. É durante os grandes eventos hidrológicos que a gente tem o transporte dessas areias e a formação, por exemplo, de novos bancos de areia.