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Falaram sobre o crime

Câmeras e reconhecimento de terceiro: como a Polícia Civil chegou aos suspeitos de matar professores no norte do RS

Conforme delegado, imagem e áudio do sistema de monitoramento da Câmara de Vereadores de Mato Castelhano foi fundamental para identificar a dupla

29/07/2024 - 17h32min


Gabriel Quadros
Gabriel Quadros
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A prisão dos suspeitos de matar dois professores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) na última quinta-feira (25) em um hotel de Mato Castelhano, no norte gaúcho, foi possível com a ajuda de imagens de câmeras de videomonitoramento, o reconhecimento das vítimas e de uma terceira pessoa citada pelos criminosos. 

Felipe Turchetto, 35 anos, e Fabiano de Oliveira Fortes, 46, foram mortos a tiros no hotel Romanttei na madrugada de 25 de julho. Eles chegaram no local no momento do assalto, foram amarrados pelos criminosos e baleados ao tentar reagir ao crime. Os dois acompanhavam uma turma da UFSM em visita à Floresta Nacional Passo Fundo. 

Conforme o delegado Diogo Ferreira, que lidera a investigação, logo no início da investigação a Polícia Civil identificou os suspeitos através do reconhecimento de três vítimas com ajuda de fotografias. 

A partir disso, as equipes buscaram informações e imagens de câmeras de videomonitoramento. Os equipamentos do prédio da Câmara de Vereadores de Mato Castelhano foram essenciais à investigação: capturaram imagem e áudio dos suspeitos minutos depois do crime.

— Depois de sair do hotel, a dupla atravessou a rua e passou perto de uma câmera da Câmara de Mato Castelhano. No áudio, ouvimos eles falando sobre o crime e que deveriam pedir ajuda a um terceiro homem, que mora no interior de Mato Castelhano. Assim chegamos nessa terceira pessoa, que foi ouvida e reconheceu os envolvidos. Porém descartamos a participação dela no crime. Com base em outras informações e indícios, conseguimos colocar na cena do crime, com provas, informações e reconhecimentos, apenas os dois indivíduos que foram presos — explicou Ferreira.

Arquivo pessoal
Professores da Universidade Federal de Santa Maria foram vítimas de latrocínio no norte do RS

Durante e depois do crime 

No hotel, as câmeras de videomonitoramento não funcionavam e havia pouca checagem sobre os dados dos novos hóspedes. Conforme Ferreira, ao chegar no estabelecimento, os assaltantes anotaram apenas seus primeiros nomes em um caderno e deram telefones que caem no Ceará.

A ação da dupla iniciou por volta das 4h e durou cerca de 20 minutos. A Polícia Civil confirmou que os professores mortos e um pequeno grupo de estudantes chegaram no local durante o assalto e foram rendidos. Além deles, clientes e funcionários do hotel também foram amarrados com lacres que podiam ser facilmente rompidos. 

Conforme o delegado, as vítimas não souberam especificar qual dos dois assaltantes efetuou os disparos, mas relataram que um estava de cara limpa e o outro com uma gola cobrindo parte do rosto.

Depois de disparar contra Felipe e Fabiano, os dois fugiram do local e pararam em frente à Câmara de Vereadores de Mato Castelhano, onde discutiram a possibilidade de pedir ajuda a uma terceira pessoa (leia acima). 

Depois do assalto, a dupla chegou em Passo Fundo por volta das 7h de quinta-feira (25). Conforme Ferreira, eles podem ter conseguido carona para voltar à cidade.

— Analisamos imagens de um hotel onde um deles chegou transtornado. Localizamos o carro deles a cerca de 10 quadras de onde o crime foi cometido, então é possível que tenham conseguido carona a Passo Fundo.

Arthur Ruschel / Agencia RBS
Hotel Romanmattei fica em uma área onde não acontecem muitos assaltos, afirma delegado

Ação amadora motivada pelo vício em crack

Conforme o delegado, os assaltantes levaram cerca de R$ 6 mil em dinheiro, entre hotel e vítimas, além de dois celulares, que foram descartados. Do valor, pelo menos R$ 5 mil não foram encontrados. 

Os presos são dois homens de Passo Fundo com 42 e 45 anos. Segundo a Polícia Civil, eles tinham diversos antecedentes policiais: o primeiro por tráfico e furtos, e o segundo por furtos, roubos e receptação. 

Os dois estavam sob forte influência de entorpecentes tanto no momento do crime quanto na hora da prisão, disse o delegado: 

— Isso ficou claro quando tentaram fazer transferências por Pix e nem as chaves corretas conseguiram lembrar. Ou seja, não se prepararam, foram amadores e ainda estavam muito fora da realidade naquele momento.

Outro indício do estado mental dos suspeitos foi a fragilidade dos lacres usados para amarrar os reféns

— Diferente de outros crimes que nós investigamos, onde há um planejamento e os criminosos são experientes, ali se vê que foi um crime bem amador — reiterou Ferreira. 

De acordo com o delegado, os suspeitos não falaram nada no momento da prisão e não apresentaram advogado. 

Próximos passos da investigação

Reprodução RBS TV / Divulgação
Delegado Diogo Ferreira lidera a investigação do crime que chocou o Estado na última semana

Após mais de 12 pessoas serem ouvidas, a Polícia Civil fará análises de quebras de sigilo telefônico e também reconhecimento pessoal da dupla presa. 

Além disso, o objetivo é terminar de organizar um relatório para concluir o inquérito policial e solicitar a conversão da prisão temporária em prisão preventiva

No momento, os dois estão presos no Presídio de Passo Fundo. 

— A Polícia Civil trabalhou arduamente desde o início, desde a ocorrência do fato para elucidar e dar essa resposta à sociedade — disse o delegado, que alertou para que a população não reaja em casos de assalto.

— Principalmente nestes casos onde o criminoso está armado e muitas vezes sob influência de droga, ele não vai pensar duas vezes em efetuar o disparo — completou.


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