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Lar temporário

Centro de acolhimento para vítimas da enchente é inaugurado em Porto Alegre

Sessenta pessoas atingidas pela cheia ocupam o espaço no bairro Rubem Berta, na Zona Norte. Trata-se do segundo local concluído no RS para abrigar os flagelados de forma provisória. O primeiro fica em Canoas, na Região Metropolitana

12/07/2024 - 10h46min


André Malinoski
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O governo estadual inaugurou o Centro Humanitário de Acolhimento Vida, no bairro Rubem Berta, na zona norte de Porto Alegre, nesta quinta-feira (11). Trata-se do segundo espaço aberto para abrigar vítimas da enchente no RS de forma temporária. 

O primeiro espaço deste tipo inaugurado fica situado nas imediações da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, na Região Metropolitana. 

Nesta quinta-feira, 60 flagelados já foram acomodados no novo espaço. Este grupo já estava acolhido no Centro Vida. Há critérios adotados para a escolha das famílias (veja abaixo quais são).

A auxiliar de serviços gerais Raquel Alves Fontoura, 39 anos, está com sua família no Centro Humanitário de Acolhimento Vida. Ela mora na Ilha do Pavão e perdeu tudo. Eles saíram de casa no dia 3 de maio, quando teve início a cheia na Capital.

A sensação de estar aqui é de uma nova esperança — diz.

Ela está acompanhada pela mãe Lourdes Glacir Fontoura de Oliveira, 75 anos, e por mais três filhos.

— Não vou voltar a morar na Ilha do Pavão. Desta vez, perdemos tudo. Quero tentar viver aqui perto, mas não tenho condições de comprar uma casa — explica Raquel, sentada à mesa do refeitório. 

Estrutura

Com unidades modulares, o Centro Humanitário de Acolhimento Vida tem capacidade para receber até 848 pessoas e possui 9 mil metros quadrados de área construída. Em forma de tendas, os 122 dormitórios estão distribuídos em quatro seções: grupos familiares, homens, mulheres e a ala LGBTQIA+. 

Foram instalados lavanderia coletiva, berçário, fraldário, ambientes multiuso, espaços para as crianças e também de conectividade, onde os acolhidos poderão carregar seus telefones e acessar conteúdos na internet. Há um posto médico e o policiamento é permanente. 

Os acolhidos terão à disposição sete dormitórios masculinos e sete femininos, 96 unidades para grupos familiares de até cinco pessoas. Além disso, haverá seis unidades para grupos familiares de até 10 pessoas e seis dormitórios LGBTQIA+ para até oito pessoas cada. Há banheiros privativos para cada uma das alas. As mães terão 50 berços para colocar os bebês. O refeitório tem capacidade para 400 pessoas. E há espaço para os pets.

"Estamos começando do zero", conta venezuelana

O pedreiro Winston Hernandez Gonzalez, 35, e a esposa, a costureira Eugenia Mercedez Totesaut Gonzalez, 31, conferiam os dormitórios. Com os três filhos, o casal veio da Venezuela e passou por Roraima antes de chegar a Porto Alegre. A família vive há quatro anos no Sarandi, bairro que foi duramente atingido pela cheia de maio.

Para nós, a situação é muito difícil, porque viemos fugindo de um país. Isso aqui é muito mais difícil. Estamos começando do zero.

VENEZUELANA EUGENIA MERCEDEZ TOTESAUT GONZALEZ

Acolhida no Centro Humanitário de Acolhimento Vida

Também vindos da Venezuela, o soldador Jose Ramon Villasana Bolivar, 32, e sua companheira, a dona de casa Yamileth Del Valle Lunar, 23, grávida de sete meses e mãe de uma menina de pouco mais de um ano, vivem no Sarandi, em Porto Alegre, há oito meses. Antes, também passaram por Roraima.

Não pensamos em voltar para o Sarandi, porque está tudo destruído. Não temos como voltar — observa Yamileth.

Governo do RS afirma que processo envolve superação de obstáculos

O governador Eduardo Leite disse, antes da cerimônia de inauguração do Centro Humanitário de Acolhimento Vida, que a reconstrução é uma jornada que envolve a superação de obstáculos.

— Infelizmente, não conseguimos sair contratando e construindo casas imediatamente. Algumas soluções até podem ser viáveis mais urgentemente, como a aquisição de moradias prontas, mas não será uma solução para todos. Então este abrigamento se prolonga por um período. A gente deseja as casas definitivas — afirmou o governador. 

O vice-governador Gabriel Souza, que coordena o processo envolvendo esses espaços, abordou a questão das baixas temperaturas registradas nos últimos dias na cidade e nos demais municípios, e como isso será enfrentado dentro do Centro Humanitário de Acolhimento Vida.

— As pessoas nas suas casas fariam o mesmo: utilizar cobertores e roupas quentes apropriadas para o inverno. Muitas doações já foram recebidas. Estamos prontos para fornecer para as famílias que precisem de algo sobressalente. Nossa orientação é no mínimo quatro cobertores por pessoa — detalhou.

Em relação aos abrigos ainda abertos na Capital, a intenção do governo estadual é desmobilizá-los o quanto antes, mas não há um prazo estabelecido para isso acontecer.

— Temos condições de montar mais dois centros iguais a este em Porto Alegre — menciona o vice-governador. 

Caso sejam abertos, os espaços ficarão no Porto Seco e no Centro de Eventos Ervino Besson, na Vila Nova. Cada um deles terá capacidade para acolher 500 pessoas.

O Sistema Fecomércio/Sesc/Senac financiou a instalação das estruturas do Centro Humanitário de Acolhimento Vida e também do Recomeço, em Canoas. A construção foi executada pela empresa DMDL e pela Agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para as Migrações (OIM), que será responsável pela gestão do local. A preparação do terreno para receber a estrutura do Vida começou em 7 de junho. 

Centro Humanitário de Acolhimento Recomeço, em Canoas, já abriga 350 pessoas

O Centro Humanitário de Acolhimento Recomeço, em Canoas, na Região Metropolitana, já abriga 350 vítimas da cheia de maio no Estado. A capacidade máxima é de 630 pessoas, e a acomodação está acontecendo de forma gradativa. O espaço contém cerca de 3 mil metros quadrados. A montagem da estrutura levou 31 dias. 

O Estado abrirá ainda um terceiro Centro Humanitário de Acolhimento. Será em espaço no Centro Olímpico Municipal de Canoas. A estrutura será a mesma do Vida.

Critérios para adesão das primeiras famílias

  • Se a família é monoparental (se tem filhos e apenas um dos pais)
  • Se há idosos na família
  • Se há pessoas com deficiência
  • Se há gestantes na família
  • Se há pessoas com transtorno do espectro autista (TEA) na família
  • Número de integrantes da família
  • Especificidades de cada família, a fim de assegurar o acolhimento adequado às mais vulneráveis. 




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