Retratos do Desperdício
Cinco anos depois, seis das 20 obras públicas acompanhadas pelo DG seguem paradas
E dessas 20 obras paralisadas na Região Metropolitana, maioria que não teve andamento fica em Porto Alegre. Do outro lado, treze já estão prontos e em uso. E outra obra deve ser entregue até o fim do ano
Porto Alegre segue como o mau exemplo entre as cidades com obras inacabadas que o Diário Gaúcho acompanha desde 2019. Dos 20 canteiros espalhados pela Região Metropolitana que estavam abandonados há cinco anos, atualmente, 13 estão prontos e funcionais. Entretanto, a única cidade que não demonstrou qualquer evolução no setor foi a Capital.
Desde 2019, apenas projetos e promessas foram pontuados, mas nada saiu do papel no período. São quatro creches e uma quadra poliesportiva que ficaram apenas na lembrança ou na expectativa de comunidades da periferia porto-alegrense.
Nesta reportagem, o Diário Gaúcho atualiza o cenário nos locais em 2024, seguindo o compromisso de fiscalização lançado pela série Retratos do Desperdício, que chega ao quinto ano.
Dos espaços entregues pelas administrações municipais, a maioria fica em Viamão. Por lá, as seis obras que o DG acompanhava foram concluídas. Em Guaíba, dois dos quatro canteiros ficaram prontos no mesmo período. Porém, uma das obras entregues foi atingida pela enchente de maio. Trata-se de uma creche, que já passa por recuperação.
Das duas construções que estavam paradas, uma foi praticamente cancelada em definitivo: a prefeitura diz que ainda aguarda uma possibilidade de repactuação do contrato com o governo federal. E a outra construção restante deve ser entregue até o fim deste ano, promete a prefeitura de Guaíba.
Em Gravataí, eram três espaços públicos sem atuação da prefeitura. Agora, todos estão concluídos e em uso. O mais recente foi entregue em março deste ano. Alvorada tinha uma obra parada, que foi terminada no fim do ano passado e está aberta ao público.
Entrega parcial em Cachoeirinha
Outra novidade está em Cachoeirinha. A obra que estava abandonada na cidade em 2019 foi concluída em 2022, mas não estava aberta ao público até o ano passado. Agora, segundo a prefeitura, o local está sendo utilizado para "a realização de projetos sociais destinados a crianças, jovens e adultos".
Segundo o município, são oferecidas "oficinas de jiu-jitsu e taekwondo que beneficiam a população da região". O local também serve de sede do Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) Anair.
O prédio, entretanto, sofreu com a chuva de maio. No momento, conforme a prefeitura de Cachoeirinha, "estão sendo realizadas melhorias no local, sobretudo no telhado, que foi danificado pelas chuvas e apresentou goteiras e infiltrações".
Também estão sendo feitas melhorias na pista de skate e em outras dependências do local, além da aquisição de equipamentos e materiais necessários para "desenvolver projetos como oficinas esportivas, telecentro, biblioteca e sala de cinema". As compras estão em fase final, garante o município.
O que a Capital promete?
Se os planos dos municípios acompanhados por Retratos do Desperdício seguirem dentro do esperado até o fim do ano, só restará Porto Alegre entre os locais com compromissos a serem cumpridos.
A expectativa da Capital, entretanto, não é deixar com que isso aconteça. A cidade pretende tirar projetos do papel até o fim do ano, retomando as obras nos cinco locais acompanhados pelo Diário Gaúcho desde 2019.
As construções serão realizadas com a cooperação da agência das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), com investimento de mais de R$ 33 milhões. São cinco escolas com obras paradas que totalizarão 1.272 novas vagas de Educação Infantil _ três delas entre as acompanhadas por Retratos do Desperdício.
Este anúncio foi feito pela prefeitura no ano passado. Entretanto, a Secretaria Municipal de Educação (Smed) informa que segue com a mesma ideia. "As obras das escolas de Educação Infantil mantém-se dentro do contrato com a Unesco em fase de finalização de projetos complementares", afirmou a Smed em nota.
Segundo a pasta de Educação, "o próximo passo é o encaminhamento para licitação, e início das obras, o que deve ocorrer no segundo semestre de 2024". O cenário é o mesmo para a Instituição de Educação Infantil (IEI) Jardim Urubatã, que não foi incluída no projeto da Unesco, mas está em fase de elaboração de projetos, também prevista para retomar obras no segundo semestre de 2024.
Esse é o cenário das creches, mas a Capital ainda tinha outro espaço na série Retratos do Desperdício: a quadra de esportes da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Professor Gilberto Jorge Gonçalves da Silva. Segundo a Smed, atualmente, a pasta está elaborando um termo de "Conversão em Área Pública (TCAP) para realização da obra".