Solidariedade e ressocialização
Detentos gaúchos fabricam mais de 2 mil itens destinados a atingidos pela enchente
Berços, camas, armários, casinhas para cães e rodos foram produzidos em oficinas de marcenaria de 18 unidades prisionais do RS. Peças foram doadas para abrigos municipais e para iniciativas do governo do Estado
Mais de 2 mil itens de madeira destinados a atingidos pela enchente foram produzidos por detentos de 18 unidades prisionais do Estado. Já são 216 móveis, como berços, camas e armários, além de 287 casinhas para cães e cerca de 1,5 mil rodos.
As peças foram doadas para abrigos municipais e para iniciativas do governo do Estado voltadas à população afetada. A fabricação desses itens foi realizada nas penitenciárias Canoas 1, Ijuí, Caxias do Sul, Venâncio Aires, Sapucaia do Sul, Modulada de Osório e Modulada de Uruguaiana; e nos presídios de Júlio de Castilhos, Sarandi, Encantado, Iraí, Canela, Cachoeira do Sul, Santiago, Três Passos e Frederico Westphalen.
– Os centros (de acolhimento aos atingidos) têm toda a estrutura necessária para quem precisa de abrigo neste momento. Entre os espaços, temos o berçário e fraldário, que conta com berços produzidos com mão de obra prisional e que representam um espaço de segurança para as mães e seus filhos – destaca o vice-governador Gabriel Souza, coordenador do projeto dos Centros Humanitários de Acolhimento.
Cerca de 900 internos de 52 presídios, atuaram na limpeza das cidades e na fabricação de itens. Também foram produzidas 7 mil fraldas descartáveis, 2 mil barras de sabão e mais de 400 artigos de roupas de cama.
Para Luiz Henrique Viana, titular da Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo (SSPS), a colaboração favorece todos os envolvidos.
– O trabalho desenvolvido nas casas prisionais tem contribuído para a superação do momento difícil que ainda estamos passando. Também ajuda no processo de reinserção social das pessoas privadas de liberdade e, consequentemente, para a redução dos índices de reincidência criminal – ressalta.
Oficina de marcenaria
A produção nos presídios continua. No de Canela, seis apenados fabricam mais berços e armários, usando materiais doados por madeireiras da região.
A oficina de marcenaria é uma das atividades em que apenados exercem funções como produção, manutenção e limpeza. A escolha da ocupação é feita pela afinidade do apenado, mas também são analisados o perfil e comportamento para a aprovação.
– Me sinto feliz de poder contribuir com quem perdeu tudo. Isso poderia ter acontecido com qualquer um, com alguém da nossa família, por isso é importante ajudar – afirma um dos detentos envolvidos na atividade, que já tinha experiência com marcenaria antes de ser preso.
Quando sair da prisão, o homem pretende montar uma pequena marcenaria junto de um dos colegas também envolvido com a confecção dos berços.
A cada três dias trabalhados, os apenados têm remição de um dia de pena.