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Entenda o que gerou o apagão cibernético que afetou sistemas tecnológicos no mundo inteiro

Na última sexta-feira, uma pane geral afetou aeroportos, instituições de saúde e comércios. No “Tutorial” desta semana, você descobre o que aconteceu. 

24/07/2024 - 05h00min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
Giuseppe CACACE / AFP
Erro da tela azul foi detectado em locais do globo todo.

Imagine chegar no seu local de trabalho, ligar seu computador ou notebook e, ao invés de o equipamento funcionar normalmente para realizar suas tarefas, uma tela azul aparecer, impossibilitando seu acesso ao aparelho. 

Agora, pense nesse problema em grande escala, afetando o sistema de aeroportos, de saúde, comércio e financeiro de todo o mundo. Assustador, não é? Bom, foi isso que aconteceu na última sexta-feira, no que ficou conhecido como “apagão cibernético”. O Tutorial desta semana explica o que foi isso e como pode (ou não) ter afetado a sua vida. 

O que foi 

Felizmente, o problema não foi um ataque causado por hackers, e sim o contrário. Segundo o diretor de tecnologia e sócio da Scunna, empresa gaúcha que atua no ramo de segurança cibernética, Ricardo Dastis, o que gerou o ocorrido foi uma falha de atualização de um software de uma empresa de segurança tecnológica, chamada CrowdStrike. 

– Houve uma versão do antivírus que continha um erro, um “bug”, que foi o que causou a tela azul. E, mesmo na tentativa das empresas reiniciarem os computadores, a tela persistia. Uma pequena alteração no código causou um efeito borboleta em escala global. Em torno de 8,5 milhões de máquinas foram afetadas – diz o especialista. 

Essa falha afetou a Microsoft, por isso, empresas que utilizam os serviços dela, como o Windows, sofreram os impactos. Foi o caso de muitas companhias aéreas, emissoras de TV e instituições financeiras. 

Problema afetou brasileiros?

A maioria dos computadores pessoais, porém, não foi afetada, já que esse tipo de antivírus não é utilizado frequentemente por pessoas físicas, mas por grandes empresas. 

Além disso, o Brasil foi um dos países que não foi tão impactado pelo problema e a explicação é simples: a base de clientes da CrowdStrike no país não é tão grande.

Além disso, pelo fuso horário daqui, a atualização foi liberada de madrugada, por volta das 1h09min da manhã no horário de Brasília, quando muitas pessoas não estavam conectadas. E do outro lado do mundo, a falha já tinha sido identificada e soluções estavam sendo propostas. Mesmo assim, o ocorrido gerou problemas em alguns locais do país, como foi o caso do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, que teve longas filas no check-in. 

Porém, é preciso destacar que os meios de transporte em si, como os aviões e trens, não sofreram “panes”, pois utilizam sistema próprios, com características diferentes. A logística por trás das operações é que foi afetada. 

É aquele velho ditado, a diferença entre o remédio e o veneno está na dose. Nesse caso, o que era para proteger as empresas, o antivírus, foi o que gerou as instabilidades, por conta da sua versão de atualização. 

E agora?

Muitas empresas ainda sentem os impactos do apagão, já que a restauração dos sistemas não é tão simples. A Microsoft, então, criou um programa para solucionar o erro, por meio da instalação da ferramenta em um pendrive. Com a inicialização dos computadores sendo feita a partir do dispositivo, o arquivo corrompido é apagado e a tela azul não aparece mais. A consequência maior, porém, foi para o diretor da CrowdStrike, George Kurtz, que teve mais de US$ 250 milhões (mais de R$ 1,3 bilhão na cotação atual) de prejuízo com a situação.

*Produção: Elisa Heinski


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