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Recomeço digno 

Grupo de voluntárias entrega casas para mulheres atingidas pela enchente em Canoas 

Iniciativa do Mulheres Voluntárias conseguiu apoio para dar 30 imóveis a famílias que ficaram em abrigo do projeto, que ocupou uma loja de motos do bairro Niterói. Seis deles estão sendo entregues nesta quarta-feira (3), com móveis comprados, geladeira abastecida e até brinquedos no quarto para os pequenos

04/07/2024 - 10h19min


Kathlyn Moreira
Kathlyn Moreira
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O clima era de ansiedade em uma loja de motos no bairro Niterói, em Canoas, na manhã desta quarta-feira (3). Diferente do esperado, não há motocicletas dentro do estabelecimento, que virou um abrigo para mulheres e crianças desde maio, quando a água invadiu casas e deixou vários desabrigados. 

Com doações e mais o apoio financeiro de influenciadores digitais, o grupo Mulheres Voluntárias conseguiu recursos para entregar 30 casas às famílias que buscaram acolhimento em razão da cheia. No final da manhã, seis delas foram entregues, com móveis comprados, geladeira abastecida e até brinquedos no quarto para os pequenos. Tudo preparado pelos voluntários. 

Grávida de 38 semanas da Alice, e com parto marcado para esta quinta-feira (4), a faxineira Andrielli Francia Gonçalves, 22 anos, estava com dupla expectativa pela chegada da terceira filha e pela entrega da casa nova.

— Eu tô numa emoção, não dormi a noite toda de ansiedade, estou bem elétrica hoje! —comemora a gestante, que também é mãe de um menino de 2 e outro de 5 anos. 

Kathlyn Moreira / Agencia RBS
No abrigo do projeto, Andrielli está na expectativa pelo nascimento de Alice e pela nova casa

Quem também estava contando as horas para ver a casa nova é a dona de casa Michele Costa dos Santos, 32 anos. Ela chegou ao abrigo no começo da enchente com os três filhos, uma menina de 14, um menino de 8 e outro de 1 ano. 

— (Estou) ansiosa, curiosa, mas mais é a emoção e a ansiedade de chegar na casa e ver o que a gente vai receber. Nós perdemos tudo, então eu vou amar muito essa nova casinha — enfatiza.

Fundadora do Mulheres Voluntárias, a corretora Deisi Brocca não imaginava que o projeto cresceria tanto e tão rápido. Ela conta que começou a ajudar nos resgates com o marido, mas ficou preocupada com as mulheres e quis fazer algo maior. 

— Eu tive a ideia de conseguir um espaço para tirar as mulheres e crianças, porque visitei alguns abrigos e elas estavam muito vulneráveis — comenta.

O abrigo recebeu 30 famílias, chegando a cerca de 100 pessoas. Várias delas já conseguiram voltar para casa após os imóveis serem limpos, reformados e pintados. Outras, estão indo para apartamentos locados pelo prazo de um ano.

Para Deise, a motivação com a entrega das casas é que não seja um simples retorno, mas que a família encontre um lar depois de tanto sofrimento com a enchente. 

— A gente sempre se preocupou com isso, que a pessoa quando chegasse na sua casa, se sentisse acolhida, porque não tem alimento, cobertor. Aqui no abrigo, sim, mas como seria a chegada. Então, elas vão ter tudo isso. Um fogão, o gás, para seguir com sua vida. Claro, que depois vão ter que seguir com as suas próprias pernas, mas já é um começo para que elas tenham dignidade — salienta. 

Do outro lado da Rua Venâncio Aires, onde fica o abrigo, uma loja de veículos também foi cedida pelo mesmo proprietário para funcionar como o centro de distribuição de doações. Ali, pilhas enormes de mantimentos, como água, produtos de higiene, roupas, alimentos e brinquedos ficam armazenados para serem separados e levados a atingidos em Canoas e Porto Alegre. Conforme a voluntária Eduarda Mantovani, são atendidos, em média, 200 pedidos de doação por dia. 

— Fazemos a triagem para ver a necessidade da família e nossos voluntários levam — explica ela, reforçando que o trabalho é direcionado para garantir que famílias realmente afetadas recebam os itens que precisam. 

O projeto tem cerca de 30 voluntários atuando, mas registrou muitos participantes quando o cenário estava pior.

— Tivemos pessoas de outros Estados, inclusive. Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina. Foi muita gente mesmo —  relembra Eduarda.

Como ajudar

O grupo quer ampliar o auxílio para outras famílias, além daquelas já assistidas no abrigo, por isso pede ajuda com doação de móveis em boas condições. Eles podem ser entregues na Rua Venâncio Aires, 2405, bairro Niterói, em Canoas. Outra forma de ajudar é fazer uma doação pelo Pix (chave mulheresvoluntarias.rs@gmail.com). 

O grupo também busca apoio de transportadoras para trazer donativos que estão em São Paulo. Mais informações pelo telefone (51) 99205-4452 e pelo Instagram @mulheresvoluntarias



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