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Vilão dentro de casa

Nas paredes e no ar: como acabar com o mofo

Problema presente nos lugares mais úmidos, a infestação pelo fungo representa riscos à saúde e à estrutura de construções. Especialistas indicam formas de prevenir e limpar do jeito certo

08/07/2024 - 13h37min


Zero Hora
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wabeno / stock.adobe.com
O mofo é um fungo que se reproduz rapidamente. Se é possível enxergá-lo a olho nu, significa que a infestação já está acontecendo.

Quando a chuva começa a marcar presença no calendário, um velho problema volta a aparecer: o mofo. Amante dos espaços úmidos e escuros, o fungo costuma ser encontrado em casas e lugares fechados, e também nos alimentos quando apodrecem. Sua proliferação coloca a estrutura dos prédios e a própria saúde em risco.

Como parte do grupo dos fungos, o mofo é um organismo decompositor que se alimenta da matéria que consegue degradar. Isso significa que os materiais infectados vão apodrecer e, muitas vezes, não podem ser recuperados. Para evitar a infestação, é preciso controlar a umidade e manter o ambiente arejado.

— Quando encontramos mofo em nossas casas ou no nosso alimento, o fungo está ali se alimentando. Esse grupo é conhecido por ter o crescimento e a reprodução muito rápidos, por isso da noite para o dia encontramos aquela laranja madura completamente mofada — aponta Bárbara Schünemann, doutoranda em Botânica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e professora da rede municipal de Rolante.

A bióloga ainda explica que o corpo desses organismos é dividido em duas partes: uma menor e difícil de ver a olho nu, e a porção colorida, normalmente verde, azul ou preta, no caso do mofo. Se é possível ver a parte colorida, é porque o fungo já está se reproduzindo – e rápido.

De olho na saúde

Um dos perigos da presença do mofo está, justamente, na sua reprodução, que acontece por meio de esporos. Essas pequenas estruturas são carregadas pelo vento e podem entrar em contato com o sistema respiratório de humanos e outros seres vivos.

Segundo Liana Corrêa, pneumologista do Hospital São Lucas da PUCRS, o processo inflamatório e alérgico começa quando as micotoxinas do mofo presentes no ar entram em contato com o corpo. Pessoas com imunidade baixa sofrem mais risco de serem acometidas por problemas respiratórios. Os principais sintomas incluem nariz escorrendo ou trancado, olhos lacrimejando, tosse seca, falta de ar e chiado nos pulmões.

Quem tem rinite, asma e outras condições respiratórias, apresenta mais sintomas, tanto de via aérea inferior quanto superior — define a médica — Em casos mais raros de exposição prolongada, pacientes podem desenvolver fibrose pulmonar.

O quadro de fibrose é uma possibilidade extrema que pode acometer pessoas expostas ao mofo por um tempo prolongado. Nesses casos crônicos, o pulmão forma uma quantidade excessiva de tecido conectivo, que passa a engrossar as paredes das cavidades e acumular cicatrizes de forma progressiva. Liana explica que a condição prejudica a respiração.

Perigo estrutural

Claudio Frankenberg, professor do curso de Engenharia Química da Escola Politécnica da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), indica que a presença do mofo pode comprometer a estrutura física das construções. O dano é diferente conforme o material afetado, seja ele madeira, concreto ou outros, e também depende do tempo de exposição.

Antes mesmo de limpar as superfícies infestadas pelo fungo, é preciso pensar em como impedir que essa contaminação aconteça. O cuidado prévio começa ainda no planejamento de prédios, casas e outras construções. Uma fundação com problemas de vedação e impermeabilização aumenta as chances da umidade se propagar, levando consigo o mofo.

— A presença do mofo indica que aquele lugar tem uma estrutura frágil — completa o engenheiro.

Existem diversas formas de cuidar da impermeabilização de um imóvel, começando pela fundação. Claudio aponta que estão disponíveis no mercado produtos específicos para cada área da construção, desde lages, frestas e aberturas até tintas especiais antimofo para as paredes e revestimentos para o telhado. Algumas opções, inclusive, são incolores, destinadas a não interferir na estética do local.

Se não tratada, uma infestação por fungos prolongada pode comprometer seriamente a composição do imóvel, até com risco de desabamento. Infiltrações, espaços que não pegam luz, umidade e baixa ventilação contribuem para aumentar o risco do desenvolvimento de mofo.

Para se livrar de vez

O que todos os especialistas concordam é a necessidade de se safar do mofo o quanto antes, para prevenir problemas estruturais e de saúde. A bióloga Bárbara destaca:

— Como todos os fungos, os mofos gostam de calor e umidade. Para evitar que eles apareçam, é recomendado manter a umidade de casa controlada e manter o ambiente ventilado, sempre que possível. Caso você ainda encontre fungo crescendo dentro de casa, é necessário fazer a limpeza desse local.

Para limpar, Claudio indica produtos específicos para cada tipo de superfície. Na ausência desses, algumas soluções caseiras podem ser aplicadas. A médica Liana compartilhou uma “receita” nas suas redes sociais, que consiste em misturar vinagre branco ou água sanitária com água pura.

A proporção é de uma xícara de água sanitária ou vinagre para dois litros de água. Primeiro, deve-se borrifar o conteúdo sobre o mofo, para depois aplicar detergente, sabão neutro ou desengordurante e remover com uma esponja (e não escovas, que podem espalhar os esporos pelo ar). A pneumologista ressalta a necessidade de se proteger durante a limpeza: luva, óculos e máscara são obrigatórios.

A limpeza também depende do tamanho da área afetada pelo mofo. Bárbara explica que se for até um metro quadrado, é possível aplicar uma solução caseira como a do vídeo acima. Em casos de áreas maiores, o recomendado é procurar um especialista em desinfecção.

*Produção: Caroline Guarnieri


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