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Serviço da EPTC

Os outros "Caramelos": 17 cavalos resgatados da enchente ainda esperam pelos donos em abrigo de Porto Alegre

Tutores têm até 16 de julho para buscar os animais no recinto, situado no bairro Lami, na Zona Sul. Após esse prazo, equinos serão disponibilizados para adoção. Muitos chegaram ao local com ferimentos nas patas e no tronco, o que indica que ficaram presos ou que se esforçaram para escapar de afogamentos

09/07/2024 - 20h29min


Júlia Ozorio
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De volta ao lar há duas semanas, o cavalo Gatiado é um dos 35 equinos resgatados pela Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) durante a enchente. O animal, que passou dias batalhando pela própria vida até ser resgatado pelo órgão, agora está sob o amparo de sua família. Histórias como a de Gatiado, no entanto, não são a realidade de todos os animais resgatados pelo órgão. Há ainda 17 cavalos salvos da enchente no abrigo da EPTC à espera dos donos.

— Ficamos muito felizes e aliviados de conseguir reencontrar o Gatiado. Quando a enchente chegou no Humaitá, só tivemos tempo de soltar os animais e ir para casa de amigos e parentes. Passamos os dias preocupados até saber que ele estava vivo — conta Luciano Xavier dos Santos, tutor do Gatiado, um cavalo marrom de cerca de oito anos.

Segundo Gilberto Machado Fonseca, chefe do abrigo de animais e da equipe de fiscalização de veículos de tração animal da EPTC, os donos dos cavalos resgatados durante a enchente têm até o dia 16 de julho para buscar seus animais no abrigo, localizado no bairro Lami, zona sul de Porto Alegre. Após esse prazo, os cavalos serão disponibilizados para adoção.

— Não consigo imaginar o que acontece para a pessoa não voltar para buscar (o animal). Algumas nem têm casa ainda para levar de volta, mas outros talvez já tenham condições de buscar o bichinho. O Gatiado é o cavalo da minha filha. Ela estava preocupada e ficou faceira de saber que tínhamos conseguido resgatar ele de volta — conta Santos, que teve a casa afetada quase que totalmente durante a cheia do Guaíba.

O chefe do abrigo de animais da EPTC explica que muitos dos cavalos resgatados chegaram ao abrigo com ferimentos nas patas e no tronco, indicando que ficaram presos ou que se esforçaram para escapar de afogamentos. Alguns estavam há dias sem comer. Todos receberam cuidados veterinários, alimentação e suplementação no abrigo. Além dos 35 cavalos, três búfalos também foram salvos e cuidados pela EPTC durante a enchente.

Prazo e etapas para o reencontro

O prazo para os tutores buscarem os cavalos faz parte de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com o Ministério Público. O documento prevê que, a partir da entrada dos animais no abrigo, há um período de 15 dias para a procura pelos animais antes de eles serem colocados para adoção. Em razão da situação atípica gerada pela enchente, esse prazo foi temporariamente suspenso, sendo retomado na última semana. 

Segundo Fonseca, os proprietários devem entrar em contato com a EPTC até o dia 16 de julho pelo telefone (51) 98131-1846, informando as características do animal e, se possível, enviando uma foto. As equipes verificarão se o cavalo está no abrigo e se a pessoa é realmente o dono. Uma taxa de R$ 140 é cobrada na retirada do animal. O valor é referente aos gastos com a empresa terceirizada que realizou o resgate dos equinos das localidades atingidas pela enchente.

Luciano Xavier dos Santos / Arquivo pessoal
Luciano Xavier dos Santos e o cavalo Gatiado durante reencontro no abrigo da EPTC.

O abrigo 

Fundado em 2008, o abrigo de equinos da EPTC responde à Lei Municipal nº 10.531/08, que regula o uso de veículos de tração animal (VTA) nas vias públicas da área urbana, no Extremo-Sul, e nas ilhas. Animais resgatados em condições de maus-tratos ou usados de forma irregular são encaminhados ao abrigo, onde permanecem por até 15 dias antes de serem colocados para adoção. Atualmente, há 41 cavalos no local, sendo 17 provenientes da enchente.

— Nós temos animais que estão conosco há mais de ano. Nós temos o nosso mascote, que é o Ceguinho, que está conosco há 12 anos. Ele foi resgatado de dentro do riacho Ipiranga (Arroio Dilúvio), com os dois olhos vazados. Não sabemos o que aconteceu, se foi abandonado pelo proprietário, mas a verdade é que os dois olhos dele foram furados e ficaram debilitados fisicamente. Ele acabou ficando conosco, nós cuidamos dele e ele foi se recuperando. Ele aguarda por uma adoção há 12 anos — conta o chefe do abrigo de animais da EPTC.

Como adotar

O abrigo, localizado na Rua Crispim Antônio Amado, 1.266, no bairro Lami, é aberto a visitação mediante agendamento. Informações sobre adoção podem ser obtidas pelos números (51) 99756-0848 e 3289-4447, assim como pelo e-mail adote@eptc.prefpoa.com.br ou pela Carta de Serviços

Todos os equinos adotados são microchipados e periodicamente visitados por equipes da EPTC para garantir que não foram submetidos a trabalho de tração ou maus-tratos.


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