Notícias



Seu problema é nosso

Paciente espera há mais de 30 dias por consulta de urgência em Esteio

A industriária Candida Simone Gregory está com sangramento intermitente, anemia e metástase nos ossos

08/07/2024 - 05h00min

Atualizada em: 11/07/2024 - 17h52min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho

Era fevereiro quando a industriária Candida Simone Gregory, 48 anos, começou a sentir dor nas pernas e ter um sangramento vaginal coagulado. Preocupada, ela se dirigiu ao Hospital São Camilo, no município de Esteio, na Região Metropolitana. Mesmo realizando o tratamento indicado, o sangramento não parou. Candida, então, se dirigiu ao Hospital Fêmina, na Capital, onde ficou internada por sete dias. O diagnóstico foi de adenomiose uterina, que ocorre quando o tecido do endométrio (camada que reveste o útero internamente) cresce de forma anormal e se infiltra no miométrio, a musculatura uterina. Segundo a industriária, os médicos indicaram que ela teria que realizar uma cirurgia para retirar o órgão. Porém, o pedido para o procedimento tinha que ser feito no posto de Esteio, mediante lista de espera. Candida realizou o pedido e, nesse meio tempo, teve que ir diversas vezes ao posto de saúde e na emergência do Hospital São Camilo para receber medicamentos, pois o sangramento não passava e a dor era intensa. 

Após alguns dias, ela foi chamada para uma consulta ginecológica no Hospital São Camilo. O médico que a atendeu realizou uma tomografia, que indicou que Cândida estava com metástase nos ossos e carcinomatose peritoneal (câncer no peritônio). Diante desse cenário, não seria possível realizar a retirada do útero. O próximo passo, então, seria uma consulta com um oncologista, para identificar qual é o tumor primário que está gerando a metástase. Ao consultar uma médica clínica geral na Unidade Básica de Saúde (UBS) Dr. Luiz Fernando Pereira Cachoeira (Esperança), a médica registrou seu caso no Gercom (sistema de gerenciamento de consultas do SUS do Estado) com característica de urgência, para a realização de uma consulta com oncologista. No início, seu caso foi indicado como de caráter vermelho no de urgência no aplicativo, em que a média de tempo de espera é de quatro dias. Agora, seu caso está com marcação laranja, quando o tempo médio é de 16 dias de espera. Porém, já fazem mais de 35 dias que a industriária aguarda na fila.

— Eu tenho dor, mal estar. Cada vez que demora, a metástase vai crescendo — relata Cândida.

Liminar

A industriária teve que ser afastada do trabalho, pois segue com sangramentos e dores que não cessam. Indignada com a demora, Cândida realizou um pedido na Defensoria Pública para que sua consulta fosse realizada. No dia 1º de julho, a decisão foi publicada, indicando que ela realizasse orçamentos em clínicas oncológicas da sua consulta e tratamento. No entanto, Candida não sabe quais exames serão necessários para seu diagnóstico, nem qual tratamento será indicado para seu caso. Segundo a industriária, ela tentou contatar mais de cinco clínicas, que informaram que não podem indicar valores, pois ela não tem diagnóstico fechado. Um novo pedido foi realizado junto à Defensoria Pública, que intimou o município e o Estado a, em 15 dias, realizar a consulta, podendo contestar a decisão.

— Eu tenho oito boletins hospitalares de estar com dor e ir fazer exames. Só no postinho de saúde, tenho 10 consultas. Continuo com sangramento, dor, cólicas e também estou com anemia. Meu psicológico está muito abalado. Tenho dois filhos que dependem de mim. É muito triste e vergonhoso o que eu estou passando. Na hora em que tu precisas, é um empurra e empurra. Não é justo. — lamenta Candida

Contraponto da SES

A Secretaria Estadual de Saúde informou ao Diário Gaúcho que não pode divulgar detalhes dos casos de pacientes, por conta da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Já sobre o tempo de espera da fila para consulta oncológica, não houve resposta.



MAIS SOBRE

Últimas Notícias