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Serviço de limpeza 

Quatro depósitos temporários de lixo em Porto Alegre estão com os dias contados 

Contratada atua desde o dia 24 de junho em três pontos que devem ser desmobilizados. Em um deles, próximo da Arena do Grêmio, moradores questionam ausência de máquinas. Um quarto local, que teve contrato iniciado recentemente, vai levar 30 dias para ser fechado

18/07/2024 - 20h18min


Bianca Dilly
Bianca Dilly
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Marcelo Gonzatto
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Dos nove depósitos temporários de resíduos sólidos da enchente em Porto Alegre, um já foi fechado e quatro já estão com destino definido e dias contados. É o caso dos “bota-espera” (como são chamados pela prefeitura) que possuem contratos com a empresa MCT Transportes Ltda, que concluiu a liberação da área da Avenida Loureiro da Silva, 104, no final de junho. O material está sendo transportado até um aterro sanitário em Gravataí, na Região Metropolitana.

Desde 24 de junho, a contratada atua em três desses locais: Rua Voluntários da Pátria, esquina com a Rua Seis, perto da Arena do Grêmio (fotos); outro na Voluntários da Pátria, 3522, perto da Avenida Cairú; e na Avenida Loureiro da Silva, nas proximidades do prédio da Receita Federal. Já na última segunda-feira (15), a mesma empresa passou a prestar o serviço na região do Porto Seco, na Avenida Élvio Antônio Filipetto, bairro Rubem Berta.

De acordo com o secretário adjunto municipal de Parcerias, Jorge Murgas, os dois pontos da Voluntários da Pátria e o da Loureiro da Silva devem ser desmobilizados até a próxima quarta-feira (24), dentro da previsão de um mês, enquanto o do Sambódromo conta com o mesmo prazo de 30 dias, a partir da data de início.

— Nós fizemos uma estimativa, com um levantamento topográfico, para entender o volume desses bota-espera. Calculamos que os três do primeiro contrato teriam 24,5 mil toneladas. Até agora, recolhemos cerca de 23,5 mil toneladas, em 950 viagens. Mas como o material estava prensado e sofre alterações com o carregamento, o chamado empolamento, estimamos que ainda restem 9 mil toneladas — detalha Murgas.

No caso do depósito temporário localizado nas proximidades da Arena do Grêmio, moradores reclamam da demora para a remoção completa dos entulhos e do impacto que o acúmulo de sujeira na região vem provocando.

Tem muita mosca e barata que vem dali, fora o cheiro ruim principalmente em dias um pouco mais quentes. Também costumam aparecer alguns ratos. Colocamos veneno pra rato dentro de casa, e guardamos comida só em lugares fechados. De preferência, procuramos comer na hora o que compramos para não precisar guardar — explica a auxiliar de limpeza Bruna Silva da Silveira, 29 anos, que mora ao lado de um dos terrenos utilizados para receber o lixo produzido pela enchente em Porto Alegre.

Bruna afirma que acompanhava diariamente o movimento de caminhões removendo os entulhos para o aterro, mas, desde o final da semana passada, não percebeu mais o fluxo de veículos retirando restos de móveis, roupas e outros utensílios do local. As vizinhas Jéssica Tanise Martins, 31 anos, e Sayonara dos Santos, 23, também reclamam da demora para a limpeza do espaço.

— A pilha já foi bem maior, tinha uns cinco metros de altura. Vinha baixando, mas nos últimos dias não temos visto movimentação por aqui, e a quantidade de insetos continua muito grande — lamenta Sayonara.

Zero Hora esteve no local no meio da tarde de terça-feira (16) e não percebeu qualquer movimentação de pessoas ou maquinário. Jéssica afirma que o terreno onde foi instalado o bota-espera costumava ser um espaço onde os moradores mais próximos faziam até churrasco aos finais de semana. Agora, teme que a prolongação do uso como depósito de entulhos desvalorize ainda mais os imóveis da região.

— Já sofremos com a enchente, moramos em uma área que não é muito valorizada, e agora tem esse monte de lixo, mosca, barata — acrescenta Jéssica.

Segundo Murgas, houve a decisão de concentrar esforços no bota-espera da Loureiro da Silva, 678. Apesar do prazo de 45 dias para a desmobilização do local, o objetivo é encerrar os três ao mesmo tempo, em 30 dias. Outro motivo para a urgência é o fato de que o terreno foi cedido ao Executivo municipal pela Polícia Federal.

— Houve o pedido de celeridade e, como os dois pontos da Voluntários estão com poucos resíduos, voltamos a energia para terminar os três até quarta-feira. Concentramos máquinas e trabalhadores na Loureiro, mas eles devem voltar aos demais locais até segunda-feira. Estimamos que na Arena ainda tenha em torno de 1,5 mil toneladas e, na esquina com a Cairú, cerca de 3,5 mil toneladas, o que conseguiremos finalizar em alguns dias — sublinha o secretário adjunto municipal de Parcerias.

Nos três pontos, o trabalho da empresa abrange a disponibilização de equipamentos, caminhões e mão de obra, inclusive operadores e motoristas. O custo é de aproximadamente R$ 2,1 milhões.

Situação nos demais bota-espera pela cidade

O próximo depósito temporário que deve ser fechado é o do Porto Seco. Segundo Murgas, os trabalhos iniciaram no começo desta semana no local, com atuação da mesma empresa que assumiu o edital das três anteriores, após a desistência da primeira colocada.

— Abrimos novo chamamento para recebimento das propostas, seis apresentaram e a MCT Transportes Ltda teve o menor preço, de aproximadamente R$ 798 mil. Estimamos cerca de 11 mil toneladas nesse ponto. Até o momento, em torno de 1 mil tonelada já foi levada para Gravataí — resume.

Agora, o foco será voltado para outros três bota-espera: mais um na Rua Voluntários da Pátria, esquina com a Rua Adelino Machado de Souza, bairro Humaitá, o da Avenida dos Estados, 1763, bairro Anchieta, e da Avenida da Serraria, 2517, Espírito Santo.

— Já começamos, esta semana, a fazer o levantamento e até sexta-feira devemos ter o volume estimado. O da Voluntários tem um número considerável de resíduos e o da Serraria é um terreno cedido pelo Exército. Vamos abrir um novo chamamento para estes três.

Segundo o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), os bota-espera da Avenida dos Estados e Serraria seguem recebendo resíduos gerados pelos repasses de limpeza, ao passo que o da Voluntários já é considerado fechado.

Para a população que ainda deseja depositar resíduos, continua em funcionamento o espaço do bairro Sarandi, na Rua Sérgio Jungblut Dieterich, 1201, próximo à Avenida Severo Dullius. O horário é de segunda a sábado das 8h às 22h, e nos domingos até as 18h.

— Na Severo Dullius, fica ainda disponível para o remanejo de eventuais resíduos. Precisamos desse local como reserva — conclui Murgas.


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