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Pra cima, Rio Grande 

"Sem a Casa Cooperativa, não teríamos nem previsão para a retomada", conta diretora de escola afetada pela enchente

Iniciativa de entidade sem fins lucrativos já apoiou 50 instituições de ensino atingidas pela tragédia climática no Estado, como a Juja Baby, de São Leopoldo. Cerca de R$ 500 mil estão sendo destinados às obras

28/07/2024 - 13h27min


Bianca Dilly
Bianca Dilly
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Dentro de uma colmeia, o trabalho é colaborativo. Cada abelha faz a sua parte para o objetivo final. Também foi assim – em uma grande soma de esforços – que a Escola de Educação Infantil Juja Baby se reergueu. Afetada pela enchente de maio, a instituição do bairro Scharlau, em São Leopoldo, viu-se abraçada por uma rede de solidariedade. E entre os nomes que fizeram a diferença, está o da Casa Cooperativa, idealizadora do projeto Adote uma Escola.

Em menos de dois meses de iniciativa, a entidade sem fins lucrativos de Nova Petrópolis – que busca promover o cooperativismo por meio da educação – já apoiou 50 escolas atingidas pela tragédia climática no Estado. Com a mobilização de 30 cooperativas associadas, cerca de R$ 500 mil estão sendo destinados para as obras, além da doação de materiais e equipamentos às instituições cadastradas.

— Estamos muito orgulhosos do Adote uma Escola. Diversas cooperativas levaram o projeto para os seus conselhos e estão analisando a participação. Já são mais de 50 escolas beneficiadas, e a nossa meta é conseguir auxiliar todas as 71 inscritas. Estamos quase lá. É bem provável que, após, iremos atrás de outros colégios para auxiliar — celebra o diretor executivo da Casa Cooperativa, Paulo Cesar Soares.

Entre os capítulos dessa pequena grande história, está justamente o da Juja Baby. Na escola, a água atingiu 2m23cm, chegando ao forro do prédio. As quatro salas de aula, o refeitório, o escritório e o pátio ficaram submersos por mais de 20 dias. Com isso, perderam-se eletrodomésticos, móveis, materiais escolares e alimentos.

Dois objetos foram salvos: um forno consertado pelo pai de um aluno e uma casinha de plástico instalada na área externa, que foi higienizada. Mas o que também não se perdeu foi a esperança pela reconstrução e para contribuir com o aprendizado de 87 crianças lá matriculadas. São alunos de 2 anos até 5 anos e 11 meses.

A Casa Cooperativa foi essencial. Foi o que a gente precisava para ter um retorno. Sem ela, não teríamos nem previsão para a retomada das atividades. Além de nos ajudar com diversos itens, nos deu o incentivo de seguir em frente, uma força, sempre nos apoiando.

AMANDA STEGLICH

Diretora da escola

Fazem parte das doações uma geladeira, um fogão, mobiliário para a cozinha e sala de aula, colchonetes, utensílios e materiais de escritório. O detalhe especial fica por conta de duas abelhas de pelúcia, que representam o cooperativismo, e já são velhas conhecidas dos estudantes, utilizadas em atividades de aula.

— Estamos muito, muito, muito ansiosos. A gente sente muito a falta deles. Não vemos a hora de ver eles correndo, brincando e felizes. Estamos todo esse tempo preparando a escola e dando o nosso máximo, o nosso melhor, para terem todo o acolhimento quando chegarem — acrescenta.

Agora, a mobilização é geral para o dia do reencontro. O retorno ficou marcado para 5 de agosto. Até lá, Agnaldo Domeraski, profissional contratado para realizar a troca das aberturas, está dando suporte à Amanda, à administradora e secretária escolar Tatiane Hartmann, além das outras oito profissionais da escola. E não fica só neles. As famílias levam a sério o fato de a escola ser comunitária.

— Eles nos abraçam muito. Um dos pais já ajudou a pintar aberturas, no sábado teremos um mutirão para a colocação de novas britas no pátio, outro fez a manutenção da parte elétrica... são só alguns exemplos. A gente se emociona, porque a retomada da escola se dá por isso. E tudo enquanto 90% das famílias também foram atingidas pela enchente — diz Tatiane, sobre o exemplo do cooperativismo na prática.

Preocupação que vai além da doação

A rede do Adote uma Escola já atende instituições da Região Metropolitana, Serra Gaúcha e Vale do Taquari. Outro caso é o da Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Sabiá, da Vila Palmeira, em Novo Hamburgo. Ainda não foi possível retornar ao prédio original, mas o apoio está fazendo a diferença.

— Foi bem importante quando a Casa Cooperativa nos contatou com o desejo de ajudar e colocar a escola de pé de novo. Em especial, não só perguntando das necessidades, mas possibilitando a indicação de fornecedores de qualidade, como os materiais de madeira que usamos nas atividades. Além de armários e nichos que vamos poder transportar de volta depois ao nosso espaço — relata a diretora, Bibiane Dias Rossi.

Agora, segundo Bibiane, novos pedidos devem ficar somente para o retorno da escola ao seu endereço original, já que ainda há a necessidade de reforma na parte elétrica. Da Casa Cooperativa, a Emei ainda recebeu tecidos, fitas, material de expediente, colas, computador e impressora.

— Começamos imediatamente a utilizar. Às vezes, quem doa não tem a dimensão do quanto qualifica e auxilia os espaços que a gente atende. O sentimento é de gratidão — destaca a diretora.

Ainda é possível integrar a iniciativa

Uma das grandes apoiadoras do Adote uma Escola tem sido a Central Sicredi Paraná/São Paulo/Rio de Janeiro. De acordo com o presidente, Manfred Alfonso Dasenbrock, quando a ideia surgiu, foi aprovada e aplaudida por todos os presidentes, diretores e conselhos das cooperativas.

— Essa ação vai ao encontro da matriz de educação do Sicredi, que busca melhorar as condições de ensino e garantir que o lugar de criança é na escola. As histórias de sucesso que surgem desse contexto são valorizadas e mostram a importância da solidariedade. (...) Voluntários e equipes das cooperativas se mobilizaram para fazer com que os recursos chegassem rapidamente, sem burocracia, às escolas e todos envolvidos — comenta.

Tatiane Hartmann / Arquivo pessoal
Situação da Escola Juja Baby após a água baixar no bairro Scharlau.

Ainda é possível integrar a iniciativa, que segue até o mês de novembro. Para cooperativas que desejam fazer uma doação, há um formulário disponível no site da entidade. Da mesma forma, escolas impactadas podem fazer a inscrição, preenchendo cadastro com suas necessidades.

Outra forma de ajudar é promovendo oficinas, palestras ou atividades educativas que fortaleçam a resiliência e o bem-estar da comunidade escolar. Cooperativas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e Mato Grosso fazem parte do movimento.

— A união e a solidariedade têm transformado realidades, revitalizando espaços e fortalecendo comunidades escolares afetadas pela crise climática — acrescenta o diretor da Casa Cooperativa.


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