Pós-enchente
Usuários do transporte metropolitano em Gravataí reclamam de falta de ônibus e má prestação de serviço
Relatos de passageiros também apontam para superlotação e escassez de horários dos coletivos. Metroplan admite que há dificuldade em normalizar a oferta e não estimou data para que o serviço retome 100% da capacidade
Demora, superlotação e até mesmo falta de linhas em determinados horários do dia. Moradores de Gravataí, na Região Metropolitana, têm enfrentado dificuldades com o transporte público na cidade, principalmente nas viagens da empresa Sogil, com destino a Porto Alegre e municípios vizinhos. Segundo os usuários, o problema se agravou durante a enchente, mesmo com o município sendo menos afetado pelo fenômeno climático, e persiste após o período.
A reportagem de Zero Hora identificou ao menos oito linhas da empresa com problemas relatados pelos passageiros. Entre elas, estão linhas como Sertório, Cairú, Rincão, PoA 107, Direto PoA, Anchieta, Praia de Belas e Realengo comum. Também há problemas na oferta de ônibus na linha Distrito-Cachoeirinha, que percorre os dois municípios da Região Metropolitana.
José Moraes Dorneles, 61 anos, trabalha em Cachoeirinha, e depende da linha Padre Réus para se deslocar ao serviço diariamente. O problema, segundo ele, é que o número de viagens diminuiu e não houve recomposição após a enchente.
— A situação piorou muito. Antes, eu ficava cerca de meia hora, mas agora piorou mais. Eles cortaram muitos horários e não nos avisaram. Agora, se depender da Sogil, nunca mais volta ao normal — lamentou.
Ana Paula Dias de Jesus, 18 anos, procurou se adaptar nos últimos dois meses devido aos problemas com a linha que utiliza. Com a falta de horários, a troca de linhas passou a fazer parte de sua rotina diária para que o tempo até chegar em casa não aumentasse ainda mais.
— O horário é sempre indefinido. Eu tenho que ficar trocando de linha e se eu dependesse só do Ponte 107, ficaria sem ir para o trabalho. Não tem comunicação deles sobre as mudanças — criticou a estudante.
Além da falta de ônibus em horários de pico e fora destes, a designer de moda Caroline Zaboetzki, 27 anos, também critica o preço da tarifa. Ela depende das linhas que fazem o deslocamento até a Capital para ir ao trabalho em um shopping da Zona Norte. O problema, porém, é que com período após a enchente, a alternativa à falta de ônibus tem sido o improviso.
— Já não tem muito ônibus no horário de pico e quando tem, é superlotado. Mesmo fora desses horários, é totalmente complicado. Eles só aumentam a passagem e não melhoram a frota e itinerários. Eu ando bastante de ônibus e a Sogil é a pior de todas. Pagar R$ 10 para ir até Porto Alegre é absurdo, por isso, tem serviço de aplicativo — disse.
Procurada, a empresa Sogil confirmou que a Linha Sertório deixou de operar por conta da baixa demanda, mas não respondeu se há prazo para normalizar a operação no município em todas as linhas com menos horários disponíveis.
Segundo a Metroplan, responsável pela fiscalização do transporte metropolitano, em todo o sistema, o serviço opera com 87,5% da capacidade do período anterior à enchente. O órgão, no entanto, admitiu que há dificuldade em normalizar a oferta e não estimou data para que o serviço retome 100% da capacidade, o que inclui o transporte metropolitano em Gravataí.
O que diz a Sogil
"A oferta atual de horários do transporte coletivo da Região Metropolitana pós-enchentes, como um todo, não alcança 100% da disponibilidade padrão, conforme dados da Metroplan divulgados na imprensa, neste link.
Na Sogil, o cenário não é diferente e estamos acompanhando de perto as demandas e diariamente realizando as adequações de linhas e horários necessários para um melhor atendimento aos clientes. Este é o retorno que encaminhamos aos clientes em seus questionamentos no SAC.
Das linhas citadas, apenas a “Sertório” não está disponível atualmente. Antes das cheias, ela possuía apenas dois horários, um de ida e um de volta, exatamente porque a demanda da linha é baixa."
O que diz a Metroplan
"Pode-se verificar que a oferta atual do sistema ainda não cobre a grade anteriormente operada, visto que as demandas ainda foram retomadas em sua totalidade. Contudo, como podemos observar, a Metroplan vem aumentando a oferta diariamente a fim de atender em sua plenitude aos usuários do sistema, principalmente nesta fase de retorno à normalidade. Nesta fase o Sistema encontra-se com uma oferta de serviço de 87,55% em relação à oferta anterior aos eventos de inundação.
Sobre os apontamentos das linhas específicas, todas já estão em operação exceto a linha - Sertório, sendo que a mesma, anterior aos eventos de inundação possuía apenas um horário de ida e um de volta, visto que já não possui grande demanda de passageiros.
Já as linhas Distrito-Cachoeirinha, Sertório, Cairú, Rincão, PoA 107, Direto PoA, Anchieta, Praia de Belas e Realengo comum já voltaram a operar e seguem recebendo novos horários conforme aumento de demanda.
Diante do exposto, e sabedores que estamos em um período de dificuldades gerais, reforçamos o comprometimento desta Fundação de Planejamento Metropolitano e Regional, gestora do SETM, que seguimos atuando de forma contundente na gestão e operação do Sistema Estadual de Transporte Metropolitano Coletivo de Passageiros para atender a população metropolitana mais necessitada.
Em tempo ressaltamos que as equipes de fiscalização estão atuando junto aos terminais metropolitanos buscando informar a população, além é claro de fiscalizar os horários contidos nas grades de oferta das empresas bem como verificar as demandas em horários de maior fluxo de passageiros."