Com os efeitos da enchente na economia, o orçamento de famílias afetadas pelo aguaceiro ficou ainda mais apertado. Dados de pesquisa dos Cartórios de Protesto apontam que 59% das pessoas entrevistadas em municípios da Região Metropolitana não tinham reserva de emergência. Isso, somado aos gastos com imprevistos, cria um ambiente de aperto nas contas. 

O dado também mostra que metade dos 500 entrevistados tiveram de atrasar contas em razão da tragédia climática. Diante disso, cresce a importância da organização financeira e da busca por ajuda, segundo especialistas.

— Quando a gente está em uma situação de inadimplência, a primeira coisa a fazer é um mapeamento, organizar e deixar tudo num único registro. Todas as dívidas que a gente tem, juntar tudo. Incluir o valor que a gente deve, as taxas de juros, a data de vencimento. Com isso, a gente vai ter um somatório do quanto a gente está devendo e ver o que está atrasado — afirma Wendy Haddad Carraro, educadora financeira e professora do curso de Ciências Contábeis da UFRGS.

Em um segundo momento, é necessário realizar a classificação dessas dívidas, elencando as pendências com potencial de consequências mais graves, segundo a docente.

Onde buscar ajuda

Logo após as primeiras semanas de enchente, prefeituras dos principais municípios afetados editaram medidas para as pessoas atingidas por alagamento, como a suspensão temporária do pagamento de alguns serviços públicos e renegociação de dívidas. Além disso, pessoas com contas em atraso podem procurar órgão públicos para tentar contornar esse situação. 

Porto Alegre

• A prefeitura de Porto Alegre conta com atendimento a pessoas superendividadas em parceria entre Procon Municipal, Tribunal de Justiça do Estado e a instituição de ensino Atitus. Cidadãos nessa situação podem repactuar dívidas e usar serviços de educação e prevenção.
• Onde: enquanto o Procon não inaugura a nova sede, as inscrições são realizadas por meio do canal digital. 
• Documentos necessários: identidade, folha de pagamento ou benefício do INSS, contratos, boletos de lojas, de dívidas com mercados, print do Serasa e todos os documentos que comprovem as dívidas.

Canoas - Núcleo de Apoio ao Superendividado (NAS)

• O serviço é voltado a consumidores superendividados que buscam renegociação de dívidas com os credores, abrindo caminho para conciliação e mediação em grupo. A negociação ocorre de acordo com o orçamento familiar do cidadão para garantir a subsistência básica e retomada. O local auxilia em dívidas vencidas ou a vencer decorrentes de empréstimos com instituições financeiras e de crédito, financiamentos, contratos de crédito ao consumo e contrato de serviços de prestação continuada e de compras a prazo.
• Onde: Procon Canoas (Rua General Salustiano, 142) e Centros de Acessos à Direitos — CADs Guajuviras (Avenida 17 de Abril,1.110) e Niterói (Rua Barão do Rio Branco, 91). O horário de funcionamento é de segunda à sexta-feira, das 8h30min às 17h30min, por ordem de chegada.
• Contato: Procon Canoas (51) 3236.2051, (51) 3236.2052 ou WhatsaApp (51) 32362056
• Documentos necessários: cópia de identidade e CPF, cópia do comprovante de residência, comprovante de renda, comprovantes das despesas mensais, comprovante de consulta SPC/Serasa, cópia do extrato de consignados do INSS, extratos bancários últimos três meses, fatura do cartão de crédito dos últimos três meses.

São Leopoldo

• A prefeitura de São Leopoldo disponibiliza atendimento presencial para negociação de dívidas com tributos como IPTU, ISSQN e contas de água, etc.
• Onde: no Centro Administrativo, na Avenida Dom João Becker, 754, de segunda-feira a sexta-feira, das 9h às 14h.
• Contatos:
• Sobre IPTU: telefone 2200-0475 ou e-mail iptu@saoleopoldo.rs.gov.br
• ITBI – itbi@saoleopoldo.rs.gov.br
• ISS – iss@saoleopoldo.rs.gov.br
• Nota Fiscal Eletrônica – nfse@saoleopoldo.rs.gov.br
• Recursos Fiscais – recursosfiscais@saoleopoldo.rs.gov.br
• ISS Obras – obra.iss@saoleopoldo.rs.gov.br
• Procon: telefone (51) 99768-1252 ou e-mail: procon@saoleopoldo.rs.gov.br. Plantão (segunda a sexta, das 14h30min às 18h, e aos sábados, das 9h às 18h), telefone/WhatsApp (51) 99564-0574.
• Ouvidoria Municipal: telefone 156, e-mail ouvidoria@saoleopoldo.rs.gov.br.

Guaíba

• A prefeitura de Guaíba disponibiliza atendimento para negociações de débitos municipais tributários e não tributários, inscritos em dívida ativa, com a possibilidade de parcelamento em até 48 vezes com parcela mínima de R$ 85.
• Onde: o atendimento pode ser feito presencialmente na Secretaria Municipal da Fazenda, na Avenida Nestor de Moura Jardim, 111, no Centro, das 9h às 17h ou pelo WhatsApp (51) 99484-2036
• Documentos necessários: documento de identificação, comprovação de vínculo com o imóvel ou empresa ou procuração

Eldorado

• A prefeitura de Eldorado do Sul oferece atendimento para orientação sobre dívidas com tributos municipais, que sofreram mudanças em prazos diante da situação de calamidade.
• Onde: prefeitura de Eldorado do Sul — Estrada da Arrozeira, 270 —, na Secretaria Municipal da Fazenda, das 8h às 13h30min.

Dicas para enfrentar a inadimplência

• Liste todas as dívidas, incluindo o valor devido, a taxa de juros e a data de vencimento.
• Registre todas as fontes de renda e as despesas mensais para ter uma visão clara do que entra e do que sai do orçamento.
• Priorize as dívidas com juros mais altos ou com consequências mais graves em caso de atraso.
• Negocie prazos mais longos, juros menores ou pagamento mais acessível junto aos credores. Muitos estão dispostos a renegociar, principalmente em situações de calamidade.
• Identifique e elimine gastos desnecessários ou supérfluos.
• Considere trabalhos temporários, freelancer ou pequenos negócios que possam complementar a renda.
• Procure programas de assistência financeira ou de auxílio emergencial oferecidos pelos governos ou organizações não-governamentais.
• Busque orientação de consultores financeiros ou programas de mentoria para auxílio na reorganização das finanças.Participe de cursos ou workshops de educação financeira para melhorar esse processo.

Fonte: Wendy Haddad Carraro, educadora financeira e professora do curso de Ciências Contábeis da UFRGS.