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VÍDEO: "nova" ilha do Guaíba tem vista privilegiada de Porto Alegre e já atrai visitantes

Acúmulo de sedimentos criou um grande banco de areia no lago. Zero Hora esteve no local nesta terça-feira (24) e observou um churrasco organizado por amigos 

25/07/2024 - 10h50min


Vinicius Coimbra
Vinicius Coimbra
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A Usina do Gasômetro, o Beira-Rio e o Centro Administrativo Fernando Ferrari são alguns dos pontos de Porto Alegre que se destacam no horizonte de quem visita a “nova” ilha do Guaíba. Nesta terça-feira (24), Zero Hora esteve no local, situado próximo à Ilha das Balceiras.

A viagem demorou cerca de 40 minutos, saindo do Cais Mauá, onde ocorre o embarque do Catamarã. Por volta do meio-dia, uma lancha com três homens se aproximou da ilha. O trio desembarcou do veículo aquático e iniciou o transporte de uma churrasqueira, um cooler com bebidas e uma caixa de som.

— Aqui era só água, agora tem esse mundaréu de areia. É bacana. Vai ser um novo “point” em Porto Alegre — disse Diego Braga de Araújo, 40 anos, morador de Canoas, na Região Metropolitana.

Os amigos relataram que pretendiam almoçar na "nova ilha" – assariam picanha – e deixariam o local no meio da tarde.

— Estamos aproveitando a novidade, não sabemos até quando existirá. No fim de semana, vamos trazer uns 10, 15 barcos para cá — acrescentou o empresário.

A origem da ilha

O local é conhecido dos pesquisadores pelo acúmulo de sedimentos originados do interior do Estado pelo curso d’água. A novidade é a extensão do banco de areia: imagens anteriores à enchente de maio já registram a ilha, mas a área era menor na comparação com fotos desta semana (veja abaixo)

— A formação das ilhas do Guaíba tem processos similares a esse. É parte da evolução da paisagem e ocorre em ciclos. Pode haver um período em que se transporta mais sedimentos em uma cheia, em outro ocorre menos. É um processo natural e esperado — explica Maurício Paixão, professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

O tamanho da ilha não é definitivo: uma nova sequência de chuva pode retirar o sedimento do lugar. Há também a possibilidade de a área aumentar se mais detritos se acumularem na região ou o nível do lago diminuir.

Segundo Paixão, é prematuro afirmar que a formação do banco de areia é sinal de um assoreamento amplo no Guaíba. O lago pode ter acumulado sedimentos em certos pontos por conta da enchente, mas é possível que o corpo hídrico tenha perdido material em outros. 

O “balanço” da mudança deve ser feito por meio de uma batimetria – medição da profundidade dos oceanos, lagos e rios.

— O banco de areia não tem um impacto relevante, pois é um volume pequeno em comparação à chuva de uma nova inundação severa. Não é algo que nos preocupa no momento — pontua o professor da UFRGS, que também esteve no ponto.

O biólogo Francisco Milanez, diretor-técnico e científico da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), diz que a presença de pessoas na ilha não significa um prejuízo ambiental.

— Ela será semeada por pássaros e vai nascer flora nativa. O problema será se alguém cortar tudo o que estiver nascendo. É um ambiente que está se formando com a presença humana, e as pessoas devem conviver e fazer o uso moderado dele — pontua.

A reportagem utilizou um veículo da Di Lancha, empresa que realiza passeios náuticos na Capital. 


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