Taekwondo
Atletas de Cachoeirinha fazem vaquinha para competir na Bahia
Mesmo com treinamentos pausados durante a enchente de maio, os irmãos Lucas e Stéfany Bitencourt foram classificados para disputar o Super Campeonato Brasileiro de Taekwondo
Menos de um mês após abrir um espaço para sua própria academia de taekwondo, o instrutor Lucas Bitencourt, 21 anos, viveu um drama compartilhado pelos gaúchos. A enchente no Rio Gravataí atingiu sua casa, submergiu os móveis e atrapalhou os treinos na academia Gigantes Team Artes Marciais, em Cachoeirinha.
Mesmo assim, os seis atletas da equipe que disputaram o Campeonato Gaúcho de Taekwondo, realizado nos dias 3 e 4 de agosto, em Esteio, conseguiram medalhas e se classificaram para serem titulares da seleção gaúcha em três campeonatos nacionais do esporte. O resultado foi uma surpresa para a academia, que disputou sua primeira competição oficial.
Agora, ele e a atleta Stéfany Bitencourt, 17, sua irmã, estão em busca de ajuda para conseguirem competir no Super Campeonato Brasileiro de Taekwondo, em Lauro de Freitas, na Bahia. A competição será entre os dias 11 e 15 de setembro. A meta dos irmãos é arrecadar pelo menos R$ 15 mil para arcar com os custos da viagem, hospedagem e alimentação. Até esta quarta-feira (21), porém, o valor arrecadado não passava de R$ 500.
— A gente está fazendo pedágios em sinaleiras, vendendo brownies, fazendo de tudo, porque isso é nosso sonho, mas o valor é muito alto — conta Lucas.
Superação
Lucas conheceu o taekwondo aos sete anos na Escola Municipal de Ensino Fundamental Bom Sucesso. As aulas eram oferecidas pelo Gravataí Taekwondo Clube por meio do programa Mais Educação, do Governo Federal.
— Quando eu comecei, era mais um hobby, eu não esperava que ia se tornar paixão — conta ele.
Aos 15 anos já era faixa preta e, aos 18 anos, fundou a Gigantes Team Artes Marciais.
— Quando me formei faixa preta, eu nunca achei que ia ver isso. Eu pensava que ia graduar, ter meus alunos, mas nunca que seria técnico.
O endereço próprio para a academia veio em abril deste ano, pouco tempo antes da enchente. Mas logo o sonho deu espaço a uma tragédia. A casa onde família mora, no bairro Parque da Matriz, ficou embaixo d'água no período mais crítico.
No início, Lucas resistiu em interromper as aulas e pediu que a irmã e outros alunos graduados repassassem seus conhecimentos aos iniciantes. Mas precisou parar os treinos quando a situação se agravou.
— O quarto e o escritório do Lucas foram perdidos, porque ficam na parte baixa do terreno onde a gente mora. Mesmo assim, ele continuou ajudando nos resgastes, foi pra Canoas e chegou até a ganhar menção honrosa — destaca a mãe Karine Marques, que ajuda o filho a administrar o negócio.
Resultados podem levar longa
A competição na Bahia é exclusiva para faixas pretas e uma oportunidade única para os atletas trocarem experiências com taekwondistas do Brasil todo. Os resultados também impactam no ranking nacional, meio que oferece a chance de chegar ao Grand Slam, a maior competição nacional do esporte.
— Se a gente conseguir esse valor, eu e os faixas pretas prometemos guerra. Eu estou bem confiante, porque a gente está treinando forte, corrigindo algumas coisas. Mas só de estar representando o Estado como titular da seleção gaúcha já é um grande feito — afirma Lucas.
O mestre Luciano Rocha e a filha Ana Carolina Zigue, membros da equipe, também estão classificados para o Campeonato na Bahia.
Junto com a vaga no Brasileiro, os resultados no evento estadual classificaram os irmãos para a Copa Brasil de Taekwondo. Já os atletas Vicenzo da Veiga, 17, e Vitor Ribeiro, nove, disputarão o Campeonato Brasileiro de Faixas Coloridas. Os dois eventos serão disputados em novembro, no Rio de Janeiro.
Como ajudar
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* Produção: Guilherme Freling