Prevenção
Comportas, diques, casas de bombas: como está o andamento das obras para reforçar o sistema contra cheias de Porto Alegre
Maior parte das ações está em fase inicial, tendo a recuperação e melhoria dos diques como uma das prioridades
Depois de apresentar falhas generalizadas na enchente de maio, o sistema de contenção de cheias de Porto Alegre recebeu uma série de promessas de melhorias por parte da prefeitura. Passados quase quatro meses desde o começo da crise, há projetos em andamento para reforçar as principais estruturas de defesa da cidade, mas a maior parte se encontra em fase inicial de projeto ou contratação.
Os diques, um dos focos do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), devem entrar em obras emergenciais de impermeabilização e elevação a partir desta sexta-feira (30).
— São obras complexas que envolvem diques, casas de bombas, horas de engenharia, cálculos, além da burocracia que o poder público precisa cumprir como licitações e chamamentos de empresas. No caso dos diques, por exemplo, conseguimos agilizar ações como a topografia e as sondagens de solo — argumenta o diretor-geral do Dmae, Maurício Loss.
A prefeitura definiu na segunda-feira (26) a empresa que vai fazer o projeto para reforçar o sistema de comportas, enquanto o plano para proteger as casas de bombas segue sendo elaborado por uma empresa contratada em julho.
Essas intervenções foram orçadas em R$ 510 milhões pela prefeitura e envolvem recursos próprios e de possíveis financiamentos. Segundo o Dmae, ainda não há um prazo geral determinado para a conclusão de todas as reformas em razão do custo e da complexidade.
Esse conjunto de melhorias não se confunde com outra série de projetos incluída pelo governo federal no chamado Novo PAC Seleções. O programa da União deve investir pelo menos outros R$ 770 milhões em ações como ampliação de Estações de Bombeamento de Água Pluvial (Ebaps) e qualificação de drenagem.
Veja, a seguir, o detalhamento de como estão as obras previstas pela prefeitura:
Fornecimento de energia para as Ebaps
Das 23 casas de bomba, nove permanecem com geradores capazes de manter a energia em caso de queda de luz na rede convencional. Sete foram equipadas com um gerador cada uma (as de número 3, 5, 6, 9, 13, 16 e 18) e outras duas contam com dois equipamentos cada (10 e 12).
A Ebap 10 (no Sarandi) também passou a contar, nesta terça-feira (27), com um novo eletrocentro — equipamento encomendado sob medida para substituir transformadores, painéis e armários de acionamento elétrico danificados pela enchente.
O Dmae ainda vai avaliar se manterá os atuais geradores sob locação ou se encomendará equipamentos próprios, e se ampliará a quantidade de casas de bombas com geradores.
Proteção das casas de bombas
O Dmae contratou em julho uma empresa responsável por elaborar os anteprojetos das obras nas Ebaps. Todas as mudanças — que serão feitas em 18 das 23 Ebaps — seguem sendo detalhadas pela prestadora de serviço.
A estimativa da prefeitura é de que as primeiras intervenções ocorram no mês de setembro. As melhorias incluem itens como elevação de painéis eletrônicos e de subestações elétricas e instalação de bombas submersíveis — essas bombas, resistentes a inundações, levam de três a seis meses para entrega dependendo do fornecedor.
Vedação e melhorias nas comportas
Foi publicada no Diário Oficial de Porto Alegre de segunda-feira (26) a definição da empresa que atuará junto com o Dmae para elaborar novos projetos para as comportas do sistema de proteção contra cheias do município. O objetivo é desenvolver projetos de novas comportas — similares às da Avenida Mauá — nas passagens 11, 12 e 14 (localizadas mais ao Norte, em direção à antiga ponte do Guaíba).
A empresa também deverá revisar as vedações dos demais portões. O Dmae ainda planeja o fechamento permanente, com concreto armado, de até oito do total de 14 comportas do sistema "nos próximos meses".
Elevação e impermeabilização nos diques
Conforme a prefeitura, no momento, técnicos do Dmae estão concentrados no trabalho de sondagem no dique da Fiergs, no bairro Sarandi. O procedimento (conhecido tecnicamente como Standard Penetration Test, ou "sondagem à percussão") tem o objetivo de aferir a capacidade do solo de suportar a estrutura, que passará por aterramento e correção de nível.
A sondagem faz parte do estudo para elevar a cota do paredão a sete metros. Todo o conjunto das obras nos diques, sob um custo aproximado de R$ 200 milhões, ainda não tem prazo definido para terminar.
O Dmae também prevê iniciar, na sexta (30), obras emergenciais nos diques da Fiergs e do Sarandi. No primeiro, que tem pontos com altura dois metros abaixo do previsto no projeto elaborado na década de 1960, a intervenção imediata será de elevação para fazer com que a estrutura tenha 5m50cm de altura em toda a sua extensão.
Já o segundo, que apresentou três pontos de extravasamento em maio, passará pela impermeabilização dos pontos de fuga d’água, além da elevação a 5m50cm. A previsão de término das ações emergenciais é para seis meses.