Direto da Redação
Elisa Heinski: "Tudo (até a vida) passa"
Jornalistas do Diário Gaúcho opinam sobre temas do cotidiano
Semana passada, recebi a notícia do falecimento de uma ex-vizinha. Ela era mãe de uma amiga minha, que eu convivia quando criança. Vivemos por mais de cinco anos no mesmo prédio. A perda foi repentina e me fez pensar muito sobre a vida. Porque, quando encaramos a morte, por mais cômico que isso seja, vemos isso: a vida.
Fazia anos que eu não falava com a família e, duas semanas antes desta partida, senti vontade de saber como estavam. Assim, do nada. Como se fosse um sinal. Porém, não mandei nenhuma mensagem naquele dia e, por isso, hoje convivo com o arrependimento. Quando finalmente encontrei um tempo na minha rotina para contatá-la, já era tarde demais.
Nessas horas fico matutando os “e se...”. E se eu tivesse ligado? E se eu tivesse chamado e ajudado sua família? E se eu tivesse dito quão bons foram nossos momentos? Sei que os psicólogos dizem que temos que pensar menos no que teríamos feito, pois isso só traz angústia e maximiza o sofrimento. E é verdade. Mas também é muito comum conviver com a dúvida sobre um futuro não concretizado.
“Epitáfio”
Isso tudo fez eu lembrar da música Epitáfio, dos Titãs. Para quem não conhece, a letra se dá a partir da perspectiva de alguém que já partiu e queria ter feito muito mais coisas em vida. Desde ver o nascer do sol, até ter chorado mais. E, por mais bonita que essa canção seja, não quero ser como o seu personagem, e lamentar coisas que eu podia ter mudado enquanto ainda dava tempo.
Então, se posso dar um conselho (para nós), seria: aproveite sua vida, as pessoas queridas, os pets, os momentos de silêncio e de barulho, um dia de sol e uma xícara de café. Não deixe de dizer o que sente para as pessoas que ama. Se ficar triste, permita que o sentimento te invada, pois sentir é importante, mas não deixe que ele te afunde em um mar de sofrimento. Quando ficar feliz, desfrute com intensidade. Por fim, lembre sempre que tudo, inclusive a vida, passa voando. E é aí que está a beleza do mundo.