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Incêndio

Há chance de a fumaça do centro do país chegar ao RS? 

Pesquisador explica que se chegar, deve chegar com baixa intensidade

28/08/2024 - 18h01min


Vitor Netto
Vitor Netto
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Lourival Izaque / AFP
Incêndios estão ocorrendo também em São Paulo.

O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.

Cidades no norte, centro-oeste e sudeste brasileiro têm sofrido nos últimos dias com incêndios e fumaça densa e carregada encobrindo o céu. As imagens chamam a atenção. A principal causa é a forte seca, queimadas – muitas até por ação humana — e além, claro, das mudanças climáticas que trazem eventos extremos. 

Mas qual a chance dessa fumaça chegar ao RS? A coluna conversou com o professor e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução da Biodiversidade da PUCRS Pedro Maria de Abreu Ferreira.

— Possível é. Dá para dizer que sim. Por que inclusive tem histórico, em 2020 e eu acho que em 2022 também, já aconteceu de chegar a fumaça de incêndios dessa região e de outras também — explica o professor. 

Ferreira explica que o grau de intensidade da fumaça que pode chegar ao RS ainda não é possível prever, já que depende de fatores climáticos. 

— É importante falar que é bem possível (a chegada da fumaça), porque existe um corredor de circulação atmosférica que é comum. Isso é parte que traz a massa de ar que está lá na Amazônia na nossa direção. E, inclusive, esse movimento atmosférico é responsável por uma coisa bem importante, que é a chuva. Esse movimento natural move os chamados rios aéreos daquela região, trazendo ar úmido para o centro-oeste do Brasil e aqui para o sul do Brasil.

Ele pondera que essa circulação atmosférica é chamada de Massa Equatorial Continental, que vem do Norte para o Sul. O movimento contrário seria a Massa Polar Atlântica, que inclusive leva o frio para o restante do país

— A ideia é que a circulação atmosférica não é tão simples assim, pois envolve variações, então fica bem difícil de prever se vai vir ou não para o nosso sentido. Mas a configuração atual climática que se tem, pode favorecer a vinda — comenta.

Setembro costuma ser conhecido como um mês chuvoso para o RS, como visto os grandes índices no Vale do Taquari no ano passado. Diante da chuva e a chegada dessa massa de fumaça, apresenta um novo cenário. 

— Em princípio, quando se tem essa configuração de fumaça vindo de outros lugares mais distantes e um volume de chuva, talvez o resultado final seja precipitar essa fumaça também. Se a massa de ar com muita fumaça chegasse em uma época muito fria e seca, seria bem ruim, do ponto de vista de doenças respiratórias, de qualidade do ar. Se ela chegar aqui quando já tiver um pouco de chuva, seria menos pior, digamos assim — acrescenta.

Caso realmente chegue a fumaça, explica o professor, a intensidade deve ser em menor escala. 

Se chegar, provavelmente vai chegar num grau bem menor. O que vamos ter, muito provavelmente, é um problema maior dessa questão de ter o sol meio apagado pela fumaça. E talvez um eventual problema de saúde.

A neblina cinza vista em Porto Alegre nas últimas semanas pode ter relação com fumaça oriunda de queimadas do Centro, Norte e até de fora do país.  

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