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Direto da Redação

Leticia Mendes: "É dever de todos"

Jornalistas do Diário Gaúcho opinam sobre temas do cotidiano

21/08/2024 - 05h00min

Atualizada em: 21/08/2024 - 05h00min


Leticia Mendes
Leticia Mendes
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Agência RBS / Agência RBS
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Ao longo dos últimos anos, creio que conseguimos romper uma barreira quando falamos de violência doméstica. De certa forma, a máxima de que “em briga de marido e mulher não se mete a colher” já é vista como ultrapassada. As pessoas sabem, de maneira geral, que devem meter a colher, sim. Que devem denunciar, auxiliar a mulher a pedir ajuda e romper o ciclo de violência.

Foi preciso debater muito esse tema para avançarmos. Para que a violência contra a mulher deixasse de ser discutida somente em ambiente privado. A própria forma como nós, mídias, passamos a abordar a temática também impactou nisso. Violência contra a mulher é um problema de todos, da sociedade, e precisa ser enfrentado como tal. Fechar os olhos é perpetuar essa violência.

Mas casos como os que temos acompanhado, da menina Kerollyn, de Guaíba, do pequeno Miguel, de Imbé, do Rafael, de Planalto, do Bernardo, de Três Passos, me fazem pensar: por que esse olhar não se estende às crianças? Por que não assumimos, como sociedade, que somos nós também os responsáveis por zelar pelos direitos de todas as crianças? Não, os pais não podem ferir os direitos dos filhos e isso ser aceito. Nós temos, sim, o direito de meter a colher. Ou melhor, o dever.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que não é nada novo, prevê que é dever da família, da comunidade, da sociedade e do poder público assegurar os direitos à vida, saúde, alimentação, educação, esporte, lazer etc, das crianças e adolescentes. A Lei Henry Borel, de 2022, veio para reforçar isso. Não é obrigação somente de pai e mãe. Não é obrigação somente do Conselho Tutelar – que tem, sim, sua responsabilidade em fiscalizar e zelar por isso, e que deve, claro, ser cobrado quando não o faz. Mas é dever de todos.

O que nós fazemos quando presenciamos algum desrespeito aos direitos de uma criança? Por que ainda, muitas vezes, aceitamos isso? Qual a nossa parcela de culpa?


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