Direto da Redação
Lúcio Charão: "A enchente e a adoção de pets"
Jornalistas do Diário Gaúcho opinam sobre temas do cotidiano
Lá se vão 59 dias. No começo de junho, uma espécie de campanha se iniciou lá em casa e se estendeu aqui para a Redação: minha noiva, Ana, queria por que queria adotar um cachorro resgatado na enchente. E assim foi até encontrarmos a nossa Guaíba.
É uma vira-lata, preta, de porte médio, mas num primeiro momento acreditamos que era de porte P. Ledo engano: ela tem 13 quilos! Cheia de vida, brincalhona e dócil: essa é a nossa cachorra.
O primeiro dia no qual saímos de tarde para trabalhar e retornamos à noite, deixando a cachorra de dona da casa, foi um pavor só: o apartamento vai estar destruído? Ela vai comer o sofá? Vai fazer xixi e cocô por tudo? Chegamos por volta das 22h e lá estava tudo em ordem e uma pet feliz nos esperando, abanando o rabo.
“Despertador canino”
A Guaíba tem um curioso despertador biológico: entre 7h58min e 8h4min ela acorda, sai debaixo da coberta e pula na beira da cama, como se dissesse: “Bom dia, humanos!”.
Ela vai à pet perto de casa a cada 10 dias tomar banho. Numa ocasião, quase cometi um cachorrocídio: ela foi espiar pela janela, Ana me lembrou que ela estava sem o cinto e fechei o vidro rapidamente. Por segundos o rosto da Guaíba ficou preso e ela e Ana se desesperaram!
Falando sério: em recente reportagem, a colega Larissa Roso mostra que abrigos da prefeitura recolheram 6 mil gatos e cães no auge da crise. Hoje, são pelo menos 400 em três locais de Porto Alegre. No começo, quando a Ana dizia que tínhamos de adotar, eu relutava pois o pet ficaria várias horas sozinho num apartamento. Ela me convenceu: “No abrigo ele fica preso numa corrente”.
— Agora, eu esbarro em um macaquinho quando tô caminhando. Ficar de bobeira no sofá ficou mais gostoso e a casa ficou mais alegre: a ex-desabrigada foi transformada numa patricinha da Zona Sul — brinca Ana.
E você, leitor, já pensou em adotar um resgatado da enchente?