Primeira bebê do RS a nascer com a genética de dois pais completa três meses de vida: "Sonho realizado"

Foi fantasiada de Minnie que a pequena Antonella Mielke Bitencourt celebrou neste sábado (17) o seu terceiro "mêsversário". Filha do gestor de vendas Jarbas Bitencourt, 48 anos, e do fotógrafo Mikael Mielke, 35, moradores de Imbé, no Litoral Norte, a menina é, segundo o casal, a primeira criança da região Sul a nascer com a genética de dois pais. 

Antonella é fruto do que Jarbas e Mikael chamam de "rede de amor". Após uma tentativa de adoção que acabou não dando certo, o casal viu o sonho da paternidade ficar  distante novamente. Foi então que Jéssica Konig, amiga e comadre do casal, se ofereceu para ser a barriga solidária dos dois, gestando um bebê deles em seu útero. 

O casal recorreu, então, à fertilização in vitro. Antonella foi gerada a partir do espermatozoide de Jarbas e do óvulo doado pela irmã de Mikael - por isso, carrega a genética das duas famílias. 

— Nós queríamos realizar o nosso sonho da paternidade, e a irmã do Mika era a doadora que nos ajudaria a realizá-lo. A genética nunca foi uma questão para nós, tanto que só nos demos conta disso quando a médica falou. Mas saber que a a Antonella tem o nosso DNA torna tudo mais especial, sem dúvida. Ela é o nosso sonho realizado — afirma Jarbas. 

A bebê nasceu em 17 de maio, data em que se celebra o Dia Internacional de Combate à Homofobia. E veio ao mundo carregando traços físicos de seus dois pais. Segundo eles, do nariz para cima, ela é "a cara do papai Mika"; do nariz para baixo, "é o papai Jarbas sem tirar nem pôr". 

O casal, que está junto há 15 anos, diverte-se ao debater com quem a bebê é mais parecida. A questão divide opiniões também entre os quase 100 mil seguidores que eles acumulam em redes sociais como Instagram e TikTok. No perfil @2paisdaantonella, Jarbas e Mikael mostram detalhes da rotina como pais de primeira viagem. 

Eles viram o número de seguidores crescer ainda durante a gestação, quando passaram a compartilhar o pré-natal de Jéssica e difundir informações sobre fertilização in vitro e barriga solidária. A intenção foi inspirar outros casais.

— Nós entendemos que precisávamos transmitir o que aprendemos ao longo desse processo, porque muita gente não conhece todas as possibilidades. Queremos ajudar outros casais homoafetivos, mostrar que eles também podem podem realizar o sonho da paternidade ou maternidade — afirma Jarbas.

Agora, o objetivo é também usar as redes sociais para mostrar que a paternidade homoafetiva é igual a qualquer outra - inclusive nos perrengues. Desde o nascimento da filha, Jarbas e Mikael mergulharam em novas descobertas sobre como cuidar da bebê. 

A tarefa é desafiadora, mas eles se orgulham de já saberem conhecer todos os sinais dados pela pequena, descrita como uma criança tranquila e alegre.

— Ela dorme a noite inteira, não chora e não incomoda em nada. Cada cochilo que dá, acorda sorrindo. E nos segue com a cabeça aonde a gente vai, interage, dá risada, grita. Está tão esperta que parece já ter cinco ou seis (meses)— diz Mikael, orgulhoso. 

O casal planeja ter, pelo menos, mais um filho, mas ainda não decidiu se por adoção ou fertilização in vitro. Enquanto isso, seguirão celebrando cada progresso de Antonella e levantando a bandeira do amor.

— A Antonella veio para demarcar esse território da naturalidade, mostrar para a sociedade brasileira que todos todos os tipos de família são normais, o importante é que haja amor. Nossa família é como qualquer outra, e nós temos amor demais — reflete Jarbas.