Mais de cem dias depois
Região Metropolitana ainda tem 44 unidades básicas de saúde com operação afetada pela enchente
Estabelecimentos transferiram os serviços para outros espaços próximos, mantendo o atendimento à população
Pelo menos 44 unidades básicas de saúde da Região Metropolitana ainda têm suas estruturas afetadas pela enchente mais de cem dias após a catástrofe climática que assolou o Rio Grande do Sul. Os estabelecimentos, entretanto, transferiram os serviços para outros espaços próximos, mantendo o atendimento à população, segundo o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do RS (Cosems/RS) e a Federação das Associações de Municípios do RS (Famurs).
— Os municípios com as unidades afetadas acabaram criando outras estratégias, como unidades móveis de saúde, ou ir para outro prédio, ou até a parceria que a gente fez entre Cosems, Sesi e governo do Estado, com unidades que o Sesi emprestou. Então, hoje, não há nenhuma unidade de saúde fechada para atendimento. Elas foram direcionadas para outro lugar ou outra estratégia para manter o atendimento à população gaúcha — explica o secretário executivo do Cosems/RS, Diego Espíndola.
Ainda há um número expressivo de unidades em reformas ou sob análise de engenheiros – em alguns casos, foi estipulado que as estruturas terão de ser transferidas, segundo Espíndola. O secretário também afirma que os municípios cadastraram unidades no InvestSUS para receber recursos para reforma ou reconstrução e esperam agilidade do repasse a nível federal.
Nos casos necessários, o Cosems instruiu os municípios a escolherem novas áreas não alagadiças, evitando, no entanto, que fiquem afastadas do local original e que a comunidade perca o vínculo com as equipes.
O levantamento foi feito pela reportagem de Zero Hora. A Secretaria Estadual da Saúde informou que não tem uma listagem específica das Unidades Básicas de Saúde afetadas pela enchente. A secretária da Saúde, Arita Bergmann, ressaltou, em nota, que todos os recursos previstos do governo do Estado para os estabelecimentos de saúde foram repassados integralmente, de acordo com o previsto, entre 14 e 17 de maio.
O Ministério da Saúde, por sua vez, informou que liderou esforços para apoiar a população e restaurar as estruturas de saúde no RS, com foco na assistência emergencial e no pós-tragédia. Foram repassados R$ 308,2 milhões à reconstrução de 50 Unidades Básicas de Saúde e à recuperação de hospitais, segundo a pasta. Mais de R$ 150 milhões foram alocados para ampliar equipes de Saúde Bucal, a Estratégia Saúde da Família e outras ações de Atenção Primária. É possível conferir os recursos alocados ao Estado no Painel da Reconstrução do Grupo RBS
“A pasta mantém apoio técnico contínuo, com apoiadoras da Atenção Primária no Estado e uma centralizada no ministério para atender às demandas do RS. Durante o período emergencial, o Ministério da Saúde montou quatro hospitais de campanha para oferecer atendimento básico, de média e alta complexidade, além de equipes volantes que, em parceria com os municípios, atuaram em unidades de saúde, abrigos e domicílios”, informa, em nota.
Confira a situação em alguns municípios e onde buscar atendimento:
Porto Alegre
Há 14 unidades de saúde ainda fechadas, com pontos alternativos de atendimento.
Canoas
Há 10 unidades básicas ainda fechadas: Praça América, Mathias Velho, União, Santo Operário, Natal, Harmonia, Prata, Pedro Luís da Silveira, Central Park e Boa Saúde. A reabertura está prevista para setembro. Três terão de mudar de lugar (Central Park, Pedro Luís da Silveira e Boa Saúde), pois ficavam em prédios alugados. Dezoito unidades seguem atendendo no município, algumas com equipes provenientes de unidades afetadas.
Os locais de atendimento provisórios nas regiões com unidades fechadas são:
- Praça Cônego Lotário Steffens - Rua José de Alencar, 414, Rio Branco
- EMEF Max Adolfo Oderich - Rua Professora Dona Sara, 100, Harmonia
- Igreja Evangélica Pentecostal Cristã - Rua São João Batista, 1570, Harmonia
- Estacionamento do Hospital de Pronto Socorro (HPS) - Rua Florianópolis, 1686, Mathias Velho.
- Ao lado da Unidade de Saúde União - Rua São Borja, 595, Mathias Velho
- EMEF Thiago Würth - Av. Rio Grande do Sul, 4240, Mathias Velho
- ATAPEC - Rua Mal. Mallet, 103, Harmonia
São Leopoldo
Dezesseis unidades foram afetadas, oito delas com perda total. Contudo, todas as unidades estão em funcionamento desde junho – as oito que tiveram perda total utilizam tendas do Sesi e associações de moradores. Há, ainda, outras 17 unidades abertas no município e uma unidade volante.
Unidades em locais provisórios:
- UBS Rio dos Sinos (Rua Demétrio Ribeiro, 233)
- UBS Brás (Associação de Moradores, rua Leopoldo Wasun, 984)
- UBS Padre Orestes (Tenda do Sesi)
- UBS Paim (Tenda do Sesi)
- UBS Campina (Tenda do Sesi)
- UBS Vicentina (equipe de trabalho reforça atendimento na UBS Paim – Rua Homero Batista, 167)
- UBS Santo Augusto (Tenda do Sesi)
- UBS Santos Dumont (Tenda do Sesi)
Eldorado do Sul
Duas unidades básicas estão temporariamente fechadas, com funcionamento em locais alternativos: há uma unidade móvel no mesmo local da ESF Picada, e a ESF Chácara está atendendo no bairro Loteamento. Há ainda quatro unidades em funcionamento parcial: ESF Centro Novo, ESF Loteamento, ESF Sans Souci e ESF Cidade Verde. A operação reduzida nessas unidades se deve à necessidade de reformas – a Secretaria de Saúde está finalizando o processo de contratação da empresa responsável.
Nova Santa Rita
Duas unidades foram atingidas: uma no bairro Berto Círio e outra no Morretes. Ambas estão em reforma. No entanto, as duas já estão em pleno funcionamento em outros locais próximos aos atingidos, há mais de um mês. A prefeitura locou dois novos espaços para atender às comunidades.
Novo Hamburgo
O município teve duas unidades de saúde que ficaram totalmente inundadas por vários dias: a Unidade de Saúde da Família Palmeira e a Getúlio Vargas. Elas estão com atendimento provisório em tendas montadas em parceria com o Sesi e o governo do Estado nos pátios. O município recebeu recursos federais para as reestruturações na última semana.
Guaíba
A UBS Cohab ainda tem infraestrutura prejudicada. Mobiliário e equipamentos novos já estão em processo de compra, e a obra está prevista para começar em até três meses, conforme a prefeitura. Porém, a unidade segue atendendo e conta com uma tenda do SESI, com profissionais atendendo à população também, no pátio da unidade.
São Jerônimo
A Unidade de Saúde Central ainda está em reforma. A previsão de retorno é de cerca de 15 dias. Contudo, está sendo elaborado um edital para a construção e transferência para uma nova unidade.
Outros municípios
Em Montenegro, Esteio e Triunfo, todas as unidades de saúde que foram atingidas já voltaram a funcionar nos mesmos locais originais.