Instabilidade
Bloqueio atmosférico impede avanço de frente fria e causa temporais na metade sul do RS; saiba como será na sua região
Volume de chuva pode chegar aos 300m em municípios da Fronteira Oeste, Campanha e Região Sul até sexta-feira (27), projeta a Climatempo. Previsão aponta possibilidade de chover mais de 100mm nestas áreas nas próximas 24 horas
Temporais intensos foram registrados em municípios da Fronteira Oeste, Campanha e Região Sul entre segunda (23) e terça-feira (24). O cenário deve piorar nas próximas 24 horas, com "perigo extremo" de chover mais de 100mm no período, aponta projeção da Climatempo, que indica risco de destelhamento, raios e alagamento nestas áreas.
Ainda há possibilidade de vendaval e queda de granizo, e o volume da chuva poderá chegar aos 300mm até sexta-feira (27). A instabilidade é resultado de um bloqueio atmosférico que impede o avanço de uma frente fria que atua sobre a metade sul do Rio Grande do Sul.
O centro-oeste brasileiro está sob influência de uma intensa massa de ar quente, que impede o avanço da frente fria que atua no Rio Grande do Sul. Meteorologista da Climatempo, Guilherme Borges explica que a diferença entre a temperatura dos sistemas meteorológicos e a força maior da onda de calor causa um bloqueio atmosférico com nuvens de instabilidade sobre o Estado.
— É um contraste entre massas, uma muito quente na região central do Brasil e esta fria, que se choca com a outra. A massa de ar quente está mais potente, consequentemente a instabilidade fica trancada no Sul, não consegue avançar para o centro do país. É uma frente fria estacionária — explicou Guilherme Borges ao salientar que o encontro entre as massas favorece a intensificação da chuva em curto prazo.
O "perigo extremo" de chover mais de 100mm em apenas 24 horas na Fronteira Oeste, Campanha e Região Sul até quarta-feira (25) é resultado deste bloqueio atmosférico. Há possibilidade de vendaval e granizo que podem resultar em destelhamentos, deslizamentos e alagamentos. O risco abrange cidades como Bagé, Uruguaiana, Alegrete e Dom Pedrito, por exemplo.
— Os volumes vão se concentrar até quarta-feira, é temporal, chuva intensa com rajadas de vento e pode ter granizo — diz Borges.
O meteorologista aproveita para fazer um alerta:
— Poucas vezes a Climatempo definiu um alerta de perigo extremo como está para amanhã, principalmente na faixa Oeste, Campanha e Região Sul, com risco de destelhamentos, deslizamentos e alagamentos.
Borges ainda chama a atenção para os altos volumes de chuva nas últimas 96 horas em três municípios do sul do Estado. Até sexta-feira (27), a quantidade de chuva na Metade Sul pode atingir os 300mm:
- Capão do Leão, na Região Sul: chuva superior a 95mm
- Pedro Osório, na Região Sul: choveu 91,2mm
- Arroio Grande, na Região Sul: choveu 89mm
Dois alertas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) indicam grandes volumes de chuva e vento entre 60 km/h e 100 km/h nestas regiões.
Demais regiões
Com exceção da Região Norte, que está sob efeito da massa de ar quente do centro-oeste brasileiro, a instabilidade deverá atingir em todo o Rio Grande do Sul nos próximos dias. Borges destaca que a intensidade será muito mais baixa com relação à previsão para a Metade Sul, mas representa perigo pela sequência de dias chuvosos.
Em Porto Alegre, Região Metropolitana, Vales, Região Central e Missões, há risco de temporal com rajadas de vento superiores aos 70 km/h na quarta-feira. A chuva deve se estender até sexta-feira, com intensidade que varia entre moderada e forte.
— Pode ter algum temporal mais isolado, mas não é perigo extremo como nas outras regiões (Fronteira Oeste, Campanha e Sul). Todas as demais regiões estão sob alerta vermelho, mas é um perigo pela sequência de dias chuvosos.
A instabilidade perde força na quinta-feira, em todo o Rio Grande do Sul. No entanto, a chuva deve persistir, com menos intensidade, até sexta-feira.
*Produção: Lucas de Oliveira