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Na Região Noroeste

Cidade gaúcha mantém a chama crioula acesa há mais de 30 anos: "Motivo de orgulho", diz idealizador

Fogo simbólico é mantido aceso desde 1991 no chão de propriedades do interior, que se revezam para não apagar o símbolo gaúcho

16/09/2024 - 14h22min


Tamires Hanke
Tamires Hanke
Reprodução RBS TV / Divulgação
MTG autorizou que município mantenha a chama acesa mesmo fora da programação dos festejos farroupilhas.

A pequena Eugênio de Castro, de 2,6 mil habitantes no noroeste gaúcho, faz questão de manter a chama crioula acesa há 33 anos de forma ininterrupta, e não só durante os festejos farroupilhas. 

A conquista é de um tradicionalista e ex-patrão de CTG que conseguiu, junto do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), autorização para preservar uma chama no município.

Hoje com 83 anos, João dos Reis da Rosa lembra que a chama que queima até hoje foi acendida em 1991, quando ainda era patrão do CTG Ronda do Rio Grande, uma das duas entidades gaúchas de Eugênio de Castro. 

À época, ele propôs em um encontro de patrões que o fogo simbólico não fosse apagado e o grupo concordou com o feito. Desde então, a preservação da chama crioula é de responsabilidade dos dois CTGs da cidade — o Querência da Pátria e o Ronda do Rio Grande.

Todos os anos, em 13 de setembro, a chama —  que fica acesa em fogo de chão — é conduzida por cavaleiros através de um candieiro e levada para representar a história da Semana Farroupilha nos dois CTGs da cidade.

No dia 20, uma propriedade é escolhida pela patronagem para cuidar e preservar o fogo pelos próximos 365 dias.

O que mantém o fogo aceso 

No último ano, quem cuidou com dedicação do fogo simbólico foi o casal de agricultores aposentados Evanilda e Adelar Reis. Em um galpão ao lado da casa, a chama fez companhia à família e a tantos tradicionalistas que, uma vez ao mês, se reuniam para o "jantar da chama".

— Teve meses que reunimos até 300 pessoas aqui — lembra Evanilda. 

A quantidade de pessoas atraídas pela chama e pelos festejos regados a música e churrasco fez o casal ampliar um galpão para receber os convidados.

— Pra ver se agradava melhor o povo, a gente fez umas arrumação melhor e é com muita honra e satisfação que a gente recebia esse povo — comemorou seu Adelar.

Reprodução RBS TV / Divulgação
Chama permanece acesa em fogo de chão mantido por propriedades de Eugênio de Castro por 365 dias.

Adair dos Anjos, tradicionalista que acompanha os festejos da chama há 33 anos, conta que o fogo simbólico atrai pessoas não só do município, mas de outros cantos do Rio Grande do Sul. 

— Isso fortalece o tradicionalismo e dá vida à propriedade aonde essa chama está. Representa muito para o local, para as famílias que acolhem a chama e para o tradicionalismo como um todo — contou, orgulhoso. 

Para manter o fogo aceso são necessários cerca de 15 metros quadrados de lenha por ano. O trabalho vai desde lascar lenha, guardar e monitorar para que o fogo jamais apague.

— A gente tem que cada vez tá renovando mais lenha e ter sempre lenha de reserva porque não pode terminar a lenha e o fogo não apaga nunca — resume seu Adelar, que faz o trabalho com gosto.

Quem foi o pioneiro da ação sente orgulho ao olhar para a conquista e ver que o legado está sendo passado de geração em geração.

O sentimento é muito grande e muito alegre, porque a senhora pode dizer onde andar que Eugênio de Castro tem uma coisa que não tem dentro do Rio Grande do Sul, que é uma chama dentro do seu próprio município — terminou o idoso. 


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